O amplo e claro legado de Steve Nash

Depois que Steve Nash, quase que comicamente, voltou a sentir dores nas costas após tentar carregar suas malas há algumas semanas, todos temiam pelo pior. E o pior chegou na noite de ontem: o problema voltou a afetar os nervos da sua coluna e ele está fora de toda a temporada 2014-15. Esta que seria, segundo o próprio jogador, a última de sua carreira. Já com 40 anos e com um problema grave em uma área de difícil recuperação, o mais provável é que nunca mais veremos Nash numa quadra da NBA.

Imagino aqui que todos estejam igualmente tristes e que não seja necessário ficar lembrando o quanto Nash foi espetacular e importante para o basquete nos últimos 10 ou 15 anos, mas não é questão de necessidade, é desejo. Quero escrever e imagino que muitos queiram reler sobre a importância do armador. Dizem que a aposentadoria é uma primeira morte para um atleta, então relembrar o que todos ainda não esqueceram é o ritual de luto do comentarista esportivo.

Nash2

Nascido na África do Sul, criado desde pequeno no Canadá, fanático por futebol, sem explosão física e altura, Steve Nash tinha tudo, absolutamente tudo para nunca ser ninguém no basquete, esporte que só começou a praticar aos 13 anos. Sua carreira de basquete no colegial foi boa, mas escondido em Vancouver, nenhuma grande universidade americana deu bola pra ele. Seu técnico precisou mandar fitas para mais de 30 equipes até que o treinador da Universidade de Santa Clara se interessasse pelo jogador apesar dele ser “o pior jogador de defesa que eu já tinha visto”.

Santa Clara nunca foi grande coisa em revelar grandes nomes do basquete da NBA. Até hoje foram apenas 13 jogadores, sendo que só 3 tiveram algum destaque na liga: Nash, Kurt Rambis e Dennis Awtrey. Desde 1999 nenhum jogador de lá ultrapassa o Draft e chega aos profissionais. Mas foi lá que Nash fez boas 4 temporadas e superou uma pequena queda de produção em seu último ano para ser a 15ª escolha do Draft de 1996 pelo Phoenix Suns. Como esperado por muitos, sem a explosão física e a defesa ainda bem frágil, teve pouco impacto e logo foi trocado para o Dallas Mavericks.

No time recém-adquirido por Mark Cuban as coisas começaram a mudar. Ao lado do improvável Steve Nash, o Mavs também apostava em outro gringo improvável: Dirk Nowitzki. Um canadense anão que não saia do chão e um alemão (JOGADOR DE BASQUETE ALEMÃO!) que tinha mais de 2,10m de altura mas preferia arremessar de média e longa distância. O que eles tinham na cabeça? Mas como num bom filme de Sessão da Tarde, os dois usaram a adversidade e a pressão para primeiro virar grandes amigos e, depois, ótimos jogadores. Ambos refinaram o entrosamento dentro de quadra e deram a sorte de encontrar com Don Nelson, um dos técnicos mais malucos, criativos e excêntricos da história da NBA. O que Nelson pedia de seu time era justamente o que Nash e Nowitzki poderiam oferecer naquele momento de suas carreiras: velocidade, decisões rápidas e muitos arremessos de longa distância.

Quando pensamos no começo dos anos 2000 na Conferência Oeste, pensamos em Los Angeles Lakers, San Antonio Spurs e Sacramento Kings, mas, por incrível que pareça, o Mavs, finalista de conferência em 2003, foi o time que teve o melhor ataque de toda a liga em 2001-02, 2002-03 e 2003-04. Na época, pré-estatísticas avançadas, achávamos que o maior número de pontos do Mavs era resultado de um ataque exagerado e desorganizado. Realmente era, mas os números de hoje mostram que nos 3 anos citados, o Mavs liderou a liga também em pontos por posse de bola, não só pontos totais. Se eles perdiam, poderia ser pela defesa ou por um pouco de desorganização em jogos decisivos (ou só porque Spurs e Kings eram melhores), mas jamais porque não eram eficientes no ataque. Arremessavam muito, corriam muito e faziam tudo isso muito bem.

Nash and Nowitzki PC

Mas as derrotas pesam e o Dallas Mavericks achou que seu modelo estava errado. Ao fim da temporada 2003-04, que viu a defesa do Detroit Pistons vencer a NBA com Rasheed Wallace e Ben Wallace segurando adversários a placares de basquete juvenil, o Mavs decidiu entrar na moda. Com pouco espaço salarial para renovar o time, o time preferiu não renovar o contrato de Steve Nash e usar a grana para contratar o pesado pivô Erick Dampier, que havia feito boa temporada pelo Golden State Warriors. A proposta de renovação por Nash, já com 30 anos na época, foi de 36 milhões milhões por 4 anos. O Phoenix Suns ofereceu 63 milhões por 6 anos. Nash voltou ao Mavs e disse que, se igualassem, ele ficaria. Não toparam para não melar o negócio de Dampier e Nash retornou ao time que o draftou em 1996.

Começou então mais um capítulo de coisas improváveis na carreira do canadense. Já aos 30 anos, quando a maioria dos jogadores começa a sua decadência, Nash começou o seu auge. Sob o comando do técnico Mike D’Antoni, o Suns começou a jogar no sistema conhecido por “7 seconds or less”, onde o objetivo principal do ataque era decidir a jogada em 7 segundos ou menos, antes que a defesa adversária pudesse se posicionar adequadamente. Para incentivar a velocidade, o espaço e as decisões rápidas, o Phoenix Suns passou a abolir pivôs pesados (apesar da recaída de anos depois quando contrataram Shaquille O’Neal), a jogar com 4 jogadores abertos e a valorizar mais do que qualquer outro time as bolas de 3 pontos, especialmente a da zona morta. No ataque de meia-quadra, quando os contra-ataques não davam certo, o jogo se baseava na já clássica dupla de pick-and-roll de Nash e Amar’e Stoudemire. Bolas de 3 pontos em abundância, jogadores versáteis, pivô único, corner 3, velocidade e pick-and-rolls: o Phoenix Suns moldou a NBA contemporânea.

As ideias foram desenvolvidas por Mike D’Antoni, que até hoje não recebe crédito apropriado por essa revolução devido a alguns trabalhos ruins depois que saiu de Phoenix, mas não dá pra negar que ela só foi possível porque Steve Nash transformou tudo em realidade. Um armador sem seus precisos arremessos de três pontos, sem os passes para achar todos esses arremessadores livres e sem a capacidade de pensar, decidir e passar a bola driblando em velocidade o esquema teria ido para o ralo na metade de sua primeira temporada. Se Nash já tinha sido bom no esquema porra-louca de Don Nelson, ele virou o mais decisivo jogador da NBA quando a correria ganhou um pouco de regras, padrões e lógica sob D’Antoni. Lembra que o Mavs havia liderado a NBA em pontos por posse de bola nos últimos 3 anos de Nash por lá? Pois o Suns assumiu a liderança quando Nash chegou e ficou assim até 2010: são 9 (NOVE) temporadas seguidas com o ataque comandado por Nash se consagrando como o mais eficiente da NBA.

A NBA também deveria agradecer muito à Steve Nash. Depois do título do Detroit Pistons em 2004, a NBA viu outra final pesada, lenta e focada na defesa em 2005, quando o mesmo Pistons foi derrotado pelo San Antonio Spurs em 7 jogos. Aquele Spurs, embora com o mesmo princípio solidário de hoje em dia, era mil vezes mais lento e burocrático que o de hoje. Seu jogo se baseava em cortar o ritmo do adversário, jogar a bola em Tim Duncan e usar da marcação dupla que ele atraia para tocar a bola de maneira quase mecânica. Era eficiente, era um basquete bem jogado e merece sua admiração, mas estava matando a audiência da NBA, que temia perder fãs.

Era compreensível, afinal se Pistons e Spurs estavam mandando na NBA, os outros times iriam querer imitar. Isso significava jogo amarrado, menos posses de bola e menos pontos. Iria para o ralo a imagem que a NBA se orgulhava de ter, de ser o basquete de placares altos e de jogadas de efeito. O momento em que o Suns começou a jogar com velocidade e quase ignorando a defesa, portanto, era o menos indicado possível. Estavam indo completamente contra a maré. Mas o basquete deles era tão rápido, criativo, cheio de jogadas de efeito e placares elásticos que logo virou o favorito de todo mundo. Nash, que um ano antes era só o armador que o Mavs tinha muito medo de gastar dinheiro, se tornou duas vezes seguidas o MVP da NBA. Os jogadores queriam jogar em esquemas parecidos, os torcedores queriam ver seus times jogando com esse mesmo ímpeto ofensivo e os General Managers viram no Suns uma maneira nova de construir equipes.

Pauso a sequência histórica aqui para relembrar o quanto essa trajetória era improvável. Só aos 30 anos de idade, depois de uma carreira apenas boa, um armador canadense se torna duas vezes seguidas o melhor jogador da temporada da NBA! Isso durante o auge de Tim Duncan, Kevin Garnett e Kobe Bryant. Não é à toa que existem canadenses que defendem Nash como o melhor e mais importante esportista do país, superando até Wayne Gretzky, considerado para muitos o maior jogador de hóquei de todos os tempos (no país no hóquei!). O motivo, polêmico, é até simples e pode ser entendido com uma comparação um pouco forçada aqui no Brasil. Pelé pode ser o melhor jogador de futebol de todos os tempos e é brasileiro, mas não parece apenas uma questão de tempo até o Brasil formar o melhor do mundo? Muitos jogadores espetaculares de futebol vieram antes de Pelé, muitos jogaram ao seu lado e tantos outros vieram depois. Por algum motivo produzimos grandes jogadores e claro que um ia calhar de ser superior aos outros. Mas e, sei lá, o Guga? O Brasil teve um tenista (!) tri-campeão de Grand Slam e que terminou uma temporada como melhor tenista do planeta. Sem nada a favor dele, o cara foi lá e se infiltrou num ambiente dominado por outros e se destacou absurdamente. Nash fez isso no basquete e um pouco mais.

A questão vai um pouco além para Steve Nash porque ele virou uma celebridade fora da quadra. Mais do que comerciais, Nash se tornou porta-voz de questões sociais e virou uma pessoa admirada e influente em seu país. Jornalistas de Toronto, que cobrem o Raptors, sempre falam do desejo enorme que a franquia tinha de levar Nash para lá para tentar se aproveitar da adoração que o país tem pelo seu jogador. A NBA quebra recordes de presença de canadenses nessa temporada e dois deles foram a primeira escolha dos últimos drafts: Anthony Bennett e Andrew Wiggins. Ao lado deles, Tyler Ennis, Robert Sacre, Kelly Olynyk, Nik Stauskas, Tristan Thompson, Cory Joseph e Andrew Nicholson são fãs declarados de Steve Nash e pretendem colocar o Canadá no mapa do basquete internacional. Mesmo ainda em atividade, Nash assumiu há alguns anos o papel de General Manager da seleção nacional canadense e tem um plano de longo prazo, desde a revelação de jogadores até seu desenvolvimento, para que o país tenha resultados expressivos na próxima década. Nash inspirou jovens jogadores, popularizou o esporte e agora ajuda a melhor a seleção. Ele não faz tudo sozinho, mas está em toda parte.

E sabe como os canadenses tem a fama de serem bonzinhos até demais? Esterótipo criado e espalhado pelos americanos, mas que Steve Nash ajudou a consolidar do melhor jeito possível. Sempre foi gente fina com todo mundo, mas jogando agressivamente o bastante para não ganhar aquele chato rótulo de “soft“. Já disputou jogo decisivo de Playoff com o nariz quebrado e sangrando (já arrumou o nariz no meio de um jogo), já fez bolas decisivas na cara de Bruce Bowen e era dedicado o bastante para liderar times importantes até quase os 40 anos. Arrisco dizer que não existe uma pessoa na NBA que não admire ou respeite Steve Nash e isso explica o clima de luto que tomou conta da internet quando soubemos que a carreira dele tinha acabado de uma maneira tão ruim.

Se você perguntar para um atleta o que ele prefere, se é revolucionar o esporte que joga ou se é ser campeão da maior competição possível, a maioria deve responder que prefere os títulos. No mundinho deles, com a cabeça vidrada em competição como eles têm, a coisa mais importante é ganhar, ganhar e ganhar. Então é provável que Steve Nash se aposente com aquela mesma frustração de Karl Malone, Charles Barkley e Allen Iverson: de que adianta eu ter feito tanto, tantos gostarem de mim, e mesmo assim não ter vencido um título sequer?

A cabeça é dele e não podemos ir lá mexer, mas daqui, olhando de longe, o título é o de menos. Vencer campeonatos envolve mais do que um jogador, é elenco, é adversário, técnico, sorte, punições absurdas, lesões, poucas posses de bola em jogos que podem ir para qualquer lado. Mas mudar para sempre a cara do esporte pelo qual você se dedicou a vida toda é para poucos! Steve Nash, se realmente se aposentar agora, vai embora como principal personagem da última grande revolução tática da NBA, tendo mudado a cara e a popularidade do basquete no Canadá, com dois troféus de MVP, uma penca de aparições em All-Star Games e alguns recordes impressionantes: líder da história da liga em aproveitamento de lances-livres (90,4%) e membro do exclusivíssimo Clube do 50-40-90. Para quem não conhece, o clube é para quem já acabou uma temporada da NBA com ao menos 50% de aproveitamento nos arremessos de quadra, 40% de 3 pontos e 90% nos lances-livres. Além de Nash, apenas Kevin Durant, Dirk Nowitzki, Reggie Miller, Mark Price e Larry Bird. A maioria conseguiu as marcas apenas uma vez na carreira, mas Bird conseguiu duas e Nash, bem, Nash conseguiu 4 vezes entre 2005 e 2009. Época, aliás, onde liderou a NBA também em assistências todo santo ano.

Sinceramente, precisa de mais? Azar do anel que não pode ir pro dedo do Nash.

[author title=”Defenestrado por” author_id=Denis””]

[share title=”Compartilhe” facebook=”true” twitter=”true” google_plus=”true” linkedin=”false” pinterest=”false” reddit=”true” email=”true”]

Preview da Temporada: Assistibilidade

Para um torcedor do Corinthians como eu, as últimas semanas tem sido de sentir saudade do professor Tite. Então a minha continuação do Preview da Temporada, depois da pausa para as entrevistas com Heat e Cavs no Rio, leva um nome inspirado no léxico do campeão mundial da Fiel: assistibilidade.

Este nada mais é do que um guia sobre como os times da próxima temporada podem ser prazerosos ou não em assistir. Se no último preview separamos as equipes baseados em suas expectativas para a temporada, este é baseado sobre a nossa expectativa de quantas vezes iremos clicar para assistir cada equipe jogar no League Pass. Entre a tortura e o time competitivo, entre o show individual e o basquete coletivo, aqui está quem ver e quem não ver na temporada 2014-15 da NBA.

(Detalhe: esse post deveria ter entrado no ar ontem, mas o WordPress deu pau e apagou metade do meu texto. Até eu reescrever tudo deu tempo do Grantland publicar ISSO. Pois é…)

 

Para não gostar mais de basquete

PacersKings Sixers

 

 

 

O Indiana Pacers já é a história mais triste dessa temporada. Se não bastasse a lesão feia do Paul George e a saída de Lance Stephenson, David West torceu feio o tornozelo e pode perder a primeira semana da temporada. Como se não bastasse o clima de velório, podem ainda perder todos os jogos no começo da temporada para tirar o que de moral que resta.

Mas o pior disso tudo é que o Pacers já era um time feio de assistir na temporada passada! O ritmo era dolorosamente lento, a defesa era tão boa que fazia os adversários jogarem mais feio ainda e no ataque eles sobreviviam com lapsos de genialidade de George e, só na primeira metade da temporada, com boa movimentação de bola de Stephenson. Mas, no geral, eram só cestas sofridas, jogos amarrados e um banco de reservas de veteranos que pareciam ter desaprendido a jogar bola. Era um time eficiente, cruel na defesa, mas feio. Nesse ano, provavelmente só feio e comandado no ataque por Rodney Stuckey. Pois é.

A única solução para o Pacers é tirar o Chicago Bulls que eles têm guardado dentro de si. Ano passado o Bulls tinha descrição parecida: boa defesa, ataque estagnado e uma estrela ofensiva lesionada. Eles se revolucionaram com uma entrega sobrehumana na defesa e com Joakim Noah transformando o ataque do time em algo, no mínimo, curioso. O Bulls dava o prazer de ver Jimmy Butler, Joakim Noah e Kirk Hinrich entregando a vida de um lado, e Noah sendo um dos únicos Point-Centers da história da liga do outro. Mas alguém vê esse sangue nos olhos no time do Pacers? Começando pelo técnico Frank Vogel, não. Roy Hibbert? Necas. E quem vai revolucionar esse ataque? Vai ser um longo ano.

O Sacramento Kings, ao contrário do Pacers, tem talento em seu elenco. Desde os mais consolidados Rudy Gay e DeMarcus Cousins até os jovens Ben McLemore e Nik Stauskas. Mas quando, nos últimos 10 anos, o Kings foi um time legal de se assistir? Eles acumulam talento, mas o time sempre acaba sendo uma sequência de ataques individualistas, desastrados, defesas preguiçosas e muita frustração. Acontece há tantos anos, mesmo com mudança de técnico e jogadores, que eu já não sei mais que explicação inventar. É até irônico que Rudy Gay, conhecido por todos esses defeitos, tenha ido parar lá. Torço para que isso mude, até porque sou fã do estilo de Cousins e acredito muito em Stauskas, mas não coloco minha mão no fogo.

Por fim, o Sixers até pode dar seus prazeres League Passísticos ao longo da temporada. Provavelmente muitos de seus jogos vão chegar aos 120 pontos e recordes vão ser quebrados CONTRA eles. O lado ruim, porém, é que nunca é prazeroso ver um time que foi propositalmente montado para perder. Os jogadores e o técnico estão lá lutando por vitórias, mas quando o elenco é feito para ser ruim, não há esforço que salve (com exceção do Phoenix Suns do ano passado!). Claro que é divertido acompanhar a evolução de Michael Carter-Williams, a estreia de Nerlens Noel e, talvez, o começo de carreira de Joel Embiid. Mas é questão de princípios: não coloco mais bem ranqueado um time que não joga pra ganhar.

 

Para brincar de olheiro da juventude

Magic Jazz Bucks

 

 

 

Sei que o termo é forte e uma péssima escolha, mas quem aqui nunca foi pedófilo de League Pass? Não adianta se esconder galera, dá pra ver a culpa nos olhos de todos vocês. Alguns times são só interessantes porque somos seduzidos pela beleza da novidade e da juventude. Agora que o Blake Griffin já é um jogador completo, que se transformou de promessa em realidade, ele não tem mais a mesma graça. O legal é ver Aaron Gordon tentar replicar o que o ala do Clippers fez anos atrás: tentar enterrar em toda santa jogada. E você quer dizer para os amiguinhos que estava vendo ao vivo quando ele pulou por cima de Kendrick Perkins e deu a cravada do ano! O Orlando Magic ainda tem o jovem Victor Oladipo, que deve mostrar melhora em relação à boa temporada de novato no ano passado, e Elfrid Payton, agressivo armador que parece ter cortado o cabelo com uma tesoura sem ponta na quarta série.

Não vou ser eu que vou ficar incentivando os outros a assistir o Utah Jazz jogar, né? Mas de qualquer forma, acho importante lembrar que Trey Burke teve ótimos momentos na última temporada e que aquele tal de Rudy Gobert, aprendiz de JaValle McGee, brilhou na Copa do Mundo de basquete e deve nos render bons tocos (e goaltendings) ao longo da próxima temporada. Quem ousar assistir o Jazz, verá. Os ousados também terão o prazer de desvendar o maior mistério do Draft 2014: quem diabos é Dante Exum?

Mas é o Miluwakee Bucks a verdadeira DeepWeb dos pedófilos de League Pass. Com um bônus: você não é realmente um pedófilo asqueroso, está apenas assistindo garotos musculosos de 19 anos jogar basquete. A era do “Fear the Dear” não voltou, mas a dupla Giannis Ant… e Jabari Parker tem tudo para ser uma das mais empolgantes da NBA nos próximos anos. Pelas características físicas e de jogo dos dois, eu me arrisco a dizer que eles podem se tornar, no futuro, a dupla que Tracy McGrady e Grant Hill poderiam ter sido no Orlando Magic se as lesões de Hill não deixassem essa parceria no mundo das ideias. Os dois são altos, sabem bater bola, arremessar, criar jogadas, pontuar e tem ótimo potencial para se destacar na defesa. São dos All-Around, jovens e em um time sem pressão. Se Larry Sanders voltar a jogar bem, um ponto a mais.

 

Não vai te fazer mal

Hawks Raptors Blazers Rockets

 

 

 

Desde que começamos o blog, em meados de 2007, o Atlanta Haws é aquele mesmo time nos Previews, longe de ser um dos piores do Leste e também longe de ser um favorito ao título. Essa mediocridade, no sentido mais estrito da palavra, prejudica até a sua assistibilidade. E convenhamos, se nem com Josh Smith dando tocos surreais dava vontade de vê-los, por que agora? Bom, na temporada passada eles estavam no grupo da mudança, contrataram o ex-Spurs Mike Budenholzer para ser técnico e o time ficou bem legal. As melhores jogadas da liga em laterais e fundos de bola, movimentação constante de Kyle Korver, Paul Millsap jogando como stretch-4 e, desde a lesão de Al Horford, um time sem pivô. Foi no mínimo engraçado ver Roy Hibbert sem saber quem marcar nos Playoffs. Eles não vão dar show, provavelmente não estarão em uma rodada da TNT na quinta-feira, mas vê-los não vai fazer mal.

Coisa parecida vale para o Toronto Raptors, o clássico “time arrumadinho”. Eles tentam errar pouco, dividir bastante a bola e tem bons jogadores em todas as posições. Seria bom se Terrence Ross fosse melhor, para participar mais do jogo com suas enterradas surreais, mas não podemos pedir que os técnicos mudem o time só para favorecer quem tem o League Pass, né? O Raptors pode mudar de patamar de assistibilidade nesse ano se Bruno Caboclo, que tem apelo patriótico e de novidade/curiosidade, ganhar minutos de quadra.

Diz a lenda que as pessoas gostam de bolas de 3 pontos. Eu também gosto, mas tudo tem um limite! É legal ver quando um time embala uma sequência de bolas de longa distância, ou quando as usa para colocar o adversário num cobertor curto e abrir espaço para outros tipos de jogada. Talvez os especialistas em estatística de Houston estejam certo e os times devam arremessar o máximo possível de longa distância, MAS EU NÃO SOU OBRIGADA a ficar assistindo. O Rockets até tem jogadores interessantes, mas a falta de sistema tático, o excesso de improviso em um time sem armador de alto nível e a sua previsibilidade chegam a cansar. Como se não fosse o bastante, quando eles não estão chutando de longe, estão batendo lances-livres. Tem coisa mais chata no basquete do que assistir lance-livre? O Rockets tem dois recordistas da liga no assunto, James Harden e Dwight Howard. Claro que os dois estão entre os melhores da liga e em alguns dias são capazes de jogadas e atuações monstruosas que compensam tudo e equilibram a balança, mas, em geral, o Houston é um time cansativo de assistir.

Embora o James Harden até tente transformar o lance-livre em algo interessante…

O Portland Trail Blazers vai para o mesmo caminho. Cada ano parecem chutar mais de 3 pontos e nesse ano até o LaMarcus Aldridge está treinando a jogada, para continuar o que fez contra o próprio Rockets no ano passado. Gosto de como eles tentam acelerar o jogo e de como Damian Lillard joga naquele limite entre nariz empinado e a confiança dos campeões, mas a falta de variedade, embora dê resultado, não é a melhor coisa em entretenimento. O ponto a favor do Blazers é que, pelo fuso horário, seus jogos são sempre os últimos da rodada, a gente é meio que obrigado a assistir (a outra opção seria dormir, o que não faz sentido).

 

Respeito aos mais velhos

Lakers Nets

 

 

 

Olha, nem eu que sou torcedor do Lakers vou tentar enganar as pessoas dizendo que o time tem lá muitos atrativos. Acho até divertido ver os erros e acertos de Jeremy Lin, que sempre joga no limite entre a grande jogada e o turnover, mas com Byron Scott forçando a barra para um jogo mais lento, físico e sem bolas de 3 (onde caralho ele está com a cabeça?!?!) não vejo espaço para uma Linsanity 2.0 em Los Angeles. Por outro lado… Kobe Bryant. Um dos maiores jogadores de todos os tempos, um dos caras que me fez começar a amar basquete, como eu posso ignorar o fim de sua carreira? Em teoria, ele se aposenta no ano que vem só, mas a qualquer momento uma nova contusão pode aparecer. Vou aproveitar para ver Kobe o máximo que eu puder, sempre me punindo mentalmente por não estar viajando para Los Angeles para vê-lo ao vivo.

O Brooklyn Nets jogava feio no ano passado mesmo quando Jason Kidd arrumou o time com Shaun Livingston na equipe titular, o que esperar desse ano, quando perderam Livingston e Paul Pierce? Não muito, né? Até porque o velho e empolgante Deron Williams dos tempos do Utah Jazz só aparece com seus crossovers secos uma vez por mês. Mas eles tem Kevin “Anything is Posibleeeee” Garnett. Não sei se vocês sabem, mas KG nunca vai virar comentarista de TV quando se aposentar. Não vai ter um programa na NBA TV. Não vai ser técnico. Não vai dar aulinhas particulares como Hakeem Olajuwon. Garnett vai sumir do mapa, nunca mais vai dar entrevistas e vai atirar com espingarda se alguém aparecer na porta de sua casa, sabe-se lá onde. Que a gente aproveite os últimos momentos do Big Ticket na liga.

 

Casa com a mulher, leva a família toda

Pelicans Hornets Thunder

 

 

 

Você conhece a menina, se apaixona e, sabe-se lá por qual razão, se casa. A garota parece perfeita, mas tem um defeitinho: é apegada à família. Todo fim de semana lá está você vendo o cunhado mal humorado, o sogro irritante, o tio bêbado e a trupe que o Faustão ataca todo domingo. É como eu me sinto quando decido assistir uma partidinha marota do New Orleans Pelicans. Quero ir lá curtir uns tocos de Anthony Davis, vibrar com seus rebotes dominantes e rir de sua monocelha característica. Mas para isso tenho que aguentar um Eric Gordon sempre baleado, a deterioração constante de Tyreke Evans, o Benjamin Button da NBA, e sofrer com cada decisão errada que Austin Rivers toma em quadra. Vale a pena? Não todos os dias, mas Anthony Davis se esforça para compensar todos os momentos de irritação.

O exemplo cabe também para o Charlotte Hornets, o ex-Bobcats, não o Hornets que virou New Orleans e que se rebatizou de Pelicans (?!?!). Eu clicava nos Bobgatos só para assistir Al Jefferson fazer seu tutorial diário de como jogar de costas para a cesta, com fintas exemplares e adversários parecendo jogadores do Washington Generals. O preço é caro, porém. Às vezes a bola não chega nele e temos que ver Michael Kidd-Gilchrist dar o arremesso mais feio da Terra desde Shawn Marion! Kemba Walker até compensa, vai, e Lance Stephenson, entre sopros e jogadas de efeito, vão dar um novo valor à franquia. Mas não se esqueçam, é tudo por Al Jefferson.

Por fim, o Thunder entra na mesma categoria. Acredite, eu não clico em um jogo do OKC para ver como o time vai se portar taticamente em quadra, para aprender mais sobre basquete ou para saber como eles se adaptam a cada adversário. Vou lá para ver Kevin Durant bater recordes, para assistir tocos que Serge Ibaka faz parecer fácil mas ninguém mais faz e, claro, para acompanhar todos os episódios da The Westbrook Xperience. Quem não gosta de um armador hiperativo e hiperatlético correndo em direção aos adversários em velocidade máxima não gosta de basquete! Já deu pra ver que o Thunder é um caso especial nesse grupo, né? É mais como se você tivesse casado com a Alinne Moraes e a família chata dela morasse em outro estado.

 

#VotoPelaMudança

Pistons Knicks

Heat BullsCavs

 

 

 

Época de eleições e todo mundo quer mudanças. Vai votar na oposição ou na situação? Não importa, o que queremos é mudar. É assim na esfera municipal, estadual, federal e intergalática. Em todo o mundo democrático não existe campanha eleitoral sem que todos, de todos os lados possíveis, exijam mudanças. Será que todos os governos são ruins? Ou será que vivemos um estilo de vida que nos força a nos sentir eternamente insatisfeitos? Na dúvida ligamos o League Pass para esquecer desses problemas menores.

Essa categoria engloba alguns times que tem nas suas mudanças o maior apelo para que a gente vá assisti-los, ao menos nos primeiros meses de temporada. O Detroit Pistons, por exemplo, tem um novo técnico, Stan Van Gundy, o pizzaiolo, que chegou prometendo mudanças (!) em todas as partes do time, desde sua administração até os quintetos usados em quadra. Tá bom que sua primeira mudança, a abolição do trio Josh Smith-Greg Monroe-Andre Drummond ao mesmo tempo tenha falhado: com a lesão de Jodie Meeks, previsto para ser o ala titular, Josh Smith foi levado para a posição onde adora forçar arremessos idiotas e Monroe voltou ao time titular. Eu acho que a mudança não dura e que Van Gundy vai chutar um de lado (provavelmente Monroe) para colocar mais arremessadores em quadra. Mas está aí a graça das mudanças na NBA, tudo é palpite e não sabemos o que vai acontecer. Temos que assistir para descobrir.

O mesmo vale para o New York Knicks. Embora o elenco não tenha se alterado tanto em relação ao ano passado, nesta temporada eles contrataram Derek Fisher como treinador e seu trabalho é implantar o Sistema de Triângulos no ataque. O ataque que consagrou Phil Jackson no Chicago Bulls e nos Los Angeles Lakers é considerado de difícil aprendizado, especialmente para jogadores acostumados a fazer apenas uma função em quadra e não a pensar o jogo todo. É um sistema de muitas tomadas de decisão e poucas coisas mecânicas. Como irão se sair Carmelo Anthony, Andrea Bargnani e Amar’e Stoudemire nesse esquema? Acredito em Melo, mas os outros dois… vai ser uma adaptação difícil, mas divertida de acompanhar.

O Chicago Bulls tem o mesmo técnico e o básico da defesa ainda é o mesmo, mas agora eles têm novos jogadores. O time da superação do ano passado, que teve mando de quadra no Leste mesmo perdendo Derrick Rose e Luol Deng ao longo da temporada, está reforçado com o mesmo Rose, Nikola Mirotic, Doug McDermott e Pau Gasol! Não é pouca coisa, galera. O time que era sempre legal de ver pela entrega na defesa, agora pode fazer parar de queimar nossos olhos no ataque. São poucos os times da NBA com dupla de garrafão tão boa nos passes, e agora eles também tem seus melhores arremessadores desde a saída de Kyle Korver, e eu já citei que Derrick Rose está de volta? Se Joakim Noah já era legal no ano passado quando trocava a marcação e ia defender armadores, agora ele terá Gasol atrás dele protegendo o aro. Sempre criticado por sua defesa, Gasol foi o 2º melhor da NBA em tocos na pré-temporada com 2,1 por jogo, atrás apenas de Andre Drummond.

Miami Heat e Cleveland Cavaliers estão no mesmo grupo porque tem a mesma mudança: LeBron James. Como será um time com LeBron, como será o outro sem LeBron? Em Miami, Erik Spoelstra ficou famoso por conseguir revolucionar o sistema de jogo do seu time nos últimos 4 anos, mas convenhamos que com LeBron no elenco, qualquer ajuste ficava mais fácil. Com um elenco mais limitado, o que fazer? A experiência com Shawne Williams na pré-temporada para manter o time aberto e cheio de arremessadores não tem sido bonita. E Wade vai estar inteiro o bastante para ser o jogador legal de assistir que foi ao longo da carreira? Com o Cavs, a pergunta é uma só: SERÁ QUE VAI DAR ERRADO? Parece que é para o que torcemos, secretamente. O Celtics de 2008 deu certo logo de cara, o Lakers de 2013 foi um show de horror; o Heat do próprio LeBron demorou pra embalar, mas foi. Tudo é possível com essas reuniões de mega estrelas.

 

Para quando você está meio pra baixo

Grizzlies Wizards Suns Nuggets

 

 

 

Tem aquele dia que dá tudo errado. O cara da baia do lado rouba sua ideia e apresenta na reunião da firma; a secretária que parecia estar te dando bola não te chamou para o almoço; o trabalho de faculdade caiu todo no seu colo; você está com prisão de ventre. É nesses dias que abençoamos o Deus do Fuso Horário e agradecemos pela rodada da NBA chegar só à noite para nos libertar da vida cotidiana. Encarar os problemas ou fugir para a NBA? Querem a verdade ou a rebatida?

Para quem chega em casa meio cabisbaixo, recomendo uma boa dose de Phoenix Suns. Eles se vestem de laranja, correm por toda a quadra, jogam em velocidade, sem compromisso, fazem os adversários de bobos com milhares de pick-and-rolls e mismatches. Triste para Alex Len, bonito para a gente! Eles são tão legais que sabem que a posição de armador é a mais empolgante do basquete, então eles montam um elenco só com eles! Tinham vários, aí renovaram com um, contrataram outro e draftaram mais um, só pra garantir. A quantidade de irmãos trabalhando no mesmo lugar pode te lembrar de debates eleitorais e você pode ter uma recaída, mas lembre-se que eles são comandados por um armador canhoto e esloveno. Canhoto e esloveno, pessoal.

O Denver Nuggets, com sorte, irá se encaixar na mesma categoria do Suns. Na temporada passada eles até tentaram, mas não deu muito certo. Confiamos que o técnico Brian Shaw irá se dar melhor em sua segunda temporada e que a volta de Danilo Gallinari ajude também. Um time com Ty Lawson e Kenneth Faried até tem o direito de ser ruim, especialmente no Oeste, mas jamais pode não ser divertido! Some isso a presença de JaValle McGee e os pontos de humor da equipe podem quebrar recordes no próximo ano! Será que Jusuf Nukric, o Rudy Gobert 2015, vai se espelhar em McGee como veterano-exemplo? Eu estarei lá para descobrir.

Mas sabe como alguns de nós relaxam jogando Fifa e outros precisam fuzilar pessoas no Call of Duty? Pois é, cada um lida com as suas frustrações de um jeito. Existem pessoas que, quando irritadas, não querem ver uma comédia para relaxar, eles querem ver destruição!!! Para essas pessoas, recomendo um bom jogo do Memphis Grizzlies. Vocês não imaginam uma sequência de ‘Mercenários’ chamada ‘Grit and Grind’, com participação especial de Tony Allen com granadas na boca e Zach Randolph dando cotoveladas em comunistas? Eu pagaria em caro para ver esse filme. Ao invés disso, pago o League Pass para ver o limitadíssimo Grizzlies vencer adversários muito melhores só na base da frustração: defesa, erros, vibração, 60 rebotes ofensivos, cotoveladas. DeMarcus Cousins já disse ao Bill Simmons que não tem garrafão mais violento que o de Memphis na NBA. O jogo é feio porque a vida não é fácil, amigo! E se Tony Allen pode ser uma estrela sem saber jogar basquete, você pode aguentar o dia de amanhã na empresa.

grit-grind-memphis

O Washington Wizards é um meio termo entre esses dois tipos de entretenimento. Eles tem a velocidade do Suns quando John Wall puxa seus contra-ataques numa velocidade que só Lawson, Rose e Gareth Bale conseguem alcançar, mas também tem Nenê distribuindo empurrões, cotoveladas e os melhores boxouts da NBA. O equilíbrio difícil entre as enterradas do Martelo Polonês Marcin Gortat e os suaves arremessos de Bradley Beal mostram bem como é esse Wizards.

 

Para quem gosta de basquete (não somos todos?)

Spurs Warriors Mavs

 

 

 

Falamos de muitos tipos de times por aqui, mas tem um que não tem erro: o time bom. Parece simples, mas não é fácil achar times que tenham um pouco de tudo, que ataquem bem, defendam bem, tenham algumas jogadas de efeito e um sistema de jogo versátil e consistente. Embora isso deva mudar ao longo da temporada, achei três times que devem, sem dúvida, se encaixar nesse grupo.

O San Antonio Spurs é o exemplo mais claro e óbvio disso. Eu não sei exatamente em que momento da vida eles deixaram de ser o time do tédio que todo mundo odiava e se tornaram o time engraçado, divertido e que joga bonito, mas isso é uma realidade. É onde estamos hoje. Eles tem jogadores capazes de jogadas de tirar o fôlego, jogam com eficiência, passam bem (demais) a bola, tem consistência na defesa. Até com humor eles nos presenteiam a cada cena de Matt Bonner ou entrevista de Gregg Popovich. No apelo “Melhor Idade”, acompanhar o fim das carreiras de Tim Duncan e Manu Ginóbili também tem seu valor.

Mas o sucesso do Spurs é uma armadilha. Nos últimos anos eles destruíram adversário atrás de adversário na temporada regular, muitas vezes poupando jogadores e com uns 10 minutos de puro garbage time. Embora o Spurs seja o time perfeito e mereça se assistido de perto, ninguém vai te condenar se você deixar eles de lado um pouquinho durante a temporada regular e guardar tudo para os Playoffs. Você vai até enjoar de vê-los jogar em Maio e Junho, pode ter certeza.

No ano passado o Dallas Mavericks já era um time interessante, afinal desde quando um ataque montado pelo Rick Carlisle não é bem montado e divertido de ver,? Mas a chegada do explosivo Monta Ellis no ano passado e a consolidação de Dirk Nowitzki como o melhor arremessador da NBA deixou a coisa ficou mais legal ainda. O que faltava para o time ficar mais legal nessa nova temporada eram a defesa e a parte física. Ter uma das 8 piores defesas da liga às vezes chega a ser irritante, e ver só Monta Ellis com capacidade de correr e impôr um ritmo de jogo mais rápido também pesava. Nesse ano, com a chegada de Tyson Chandler e Chandler Parsons, as duas coisas tendem a melhorar. Rick Carlisle, novos jogadores, Dirk Nowitzki e Montaball. Não tem como dar errado.

O Golden State Warriors já era um dos times mais legais de se assistir nas últimas temporadas. Era legal ver Andrew Bogut fechando o garrafão e Andre Iguodala engolindo adversários na defesa, ficávamos sempre na expectativa da recuperação de bola que iria virar uma jogada absurda de Steph Curry no ataque. Mas além das sempre chatas lesões, a tentativa de Mark Jackson de montar um time dos anos 90, que tirava o foco dos arremessadores (justamente a melhor arma do time!) chegava a ser irritante. Bastou uma pré-temporada de Steve Kerr no comando para ver um time mais organizado e que consegue abrir mais espaços para Curry usar seus dribles, arremessos e passes de uma mão só e nos encantar. E vocês devem se lembrar daqueles Playoffs, quando Curry começava a pegar fogo ao lado de Klay Thompson e começava aquela experiência transcendental de vê-los acertar todos os arremessos do mundo, né? Podemos esperar consistência somada com a magia, vai ser um timaço.

 

Showtime, baby!

Wolves CLippers

 

 

 

Somos o país do futebol, não podemos negar nossas origens esportivas. A graça do futebol é viver aquela tensão, o drama, para então virar euforia no momento de uma jogada espetacular, o gol. Assistir o Minnesota Timberwolves nessa próxima temporada vai ser assim. Vamos passar pela tensão de ver um time jovem aprendendo e apanhando na difícil Conferência Oeste, mas tudo para ser presenteado com alguma jogada que vai nos fazer até achar que a vida vale a pena.

Eu sei que, racionalmente, eles deveriam estar no grupo de pirralhos com o Bucks e o Magic. Afinal tem Andrew Wiggins, Anthony Bennett (mais magro!), Zach LaVine e Ricky Rubio não é nenhum vovô, mas eles estão um passo além disso. O técnico Flip Sauders, apesar de ser bem fraco, realizou nosso sonho ao dizer que o sistema ofensivo “será o Rubio”. Ou seja, um dos jogadores mais criativos do planeta vai ter liberdade para comandar um ataque cheio de jogadores atléticos, velozes e sedentos por enterradas. Se isso não é apelo para League Pass, nem compre o pacote.

Por fim, temos o Los Angeles Clippers, um campeão do League Pass. O time que reúne um pouco de tudo o que os melhores times oferecem:

(1) Melhor ataque da última temporada; defesa dentro do Top 10

(2) Lob City

(3) Blake Griffin

(4) Time mais irritante da liga: muitas faltas técnicas e garantia de pelo menos 3 brigas mais pesadas por ano. Não é motivo de orgulho ou honra, mas nós, como espectadores sem valor moral, adoramos ver uma boa briga. Post mais curtido e compartilhado do Bola Presa na pré-temporada foi o que linkou o vídeo da briga de Blake Griffin com Trevor Booker, ninguém ligou para as entrevistas no Rio.

(5) JJ Redick e Chris Paul dariam uma boa dupla de policiais em um filme de ação

 

Epa, faltou um…

Celtics

 

 

 

Pegunta mais do que honesta: onde entra o Boston Celtics nessa brincadeira? Estamos empolgados pela volta de Rajon Rondo ou pela estreia de Marcus Smart? Eles vão tentar perder ou a graça desse time é ver o cabelo de Kelly Olynyk voando?

 

[author title=”Defenestrado por” author_id=Denis””]

[share title=”Compartilhe” facebook=”true” twitter=”true” google_plus=”true” linkedin=”false” pinterest=”false” reddit=”true” email=”true”]

NBA testa jogo de 44 minutos na pré-temporada

Ontem a NBA fez um experimento estranho, mas divertido. A partida entre Brooklyn Nets e Boston Celtics teve 44 minutos de duração, 4 a menos que um jogo normal. O jogo com quartos de 11 minutos foi feito com dois intuitos em mente: diminuir a duração dos jogos, que às vezes cansam de ver na televisão, e diminuir o desgaste dos jogadores.

O resultado do teste pode ser resumido na frase do ala Jeff Green após a partida: “Não senti nenhuma diferença”.

Para os jogadores, imagino, a diferença seja mínima mesmo. A maioria dos atletas, especialmente na pré-temporada, nunca chega os 48 minutos em quadra. Alguém que joga 32 minutos num jogo de 48, talvez tenha seus minutos diminuídos para 30 em uma partida de 44. Não é lá grande coisa. No fim das contas, o que cansa mesmo um jogador são as viagens longas e a falta de tempo de recuperação entre um jogo e outro. Se a NBA quer mesmo poupar seus atletas e evitar contusões, precisa acabar com os back-to-backs (jogos em dias consecutivos) e repensar a temporada de 82 jogos entre Novembro e Abril.

Essa solução, porém, não é tão fácil. Boa parte do dinheiro dos times vêm do contrato que eles fazem com redes de TV locais, que exibem todos os jogos da equipe da cidade. Com menos jogos no calendário, menos transmissões e menos dinheiro. A renda das partidas (18.000 pessoas pagando ingresso caro) também vai ser cortada. O dinheiro grande da TV (o novo contrato com ABC, TNT e ESPN) até poderia não mudar, já que eles passam os mesmos jogos por semana, que até valeriam mais por serem mais raros. Mas de qualquer forma, menos dinheiro entrando, menos dinheiro que os donos vão dar para os jogadores. Diminuir os lucros nunca é uma opção, claro! Será que os jogadores topam quebrar a tradição dos 82 jogos, correr o risco de ter o salário cortado só para ter mais descanso e menos lesões? Duvido. Teria mais efeito, imagino, começar a temporada no início de Outubro e espaçar mais os jogos. Mas quem em sã consciência abre mão de um mês de férias?

NBA: Preseason-Boston Celtics at Brooklyn Nets

O técnico do Nets, Lionel Hollins, disse que o time já estava cansado no meio do terceiro período e que provavelmente era por causa da viagem da China, de onde voltaram faz pouco tempo. Só comprova o que eu disse acima, apenas com o exagero claro: viagem pra China é mil vezes mais longa que qualquer outra feita durante a temporada. De qualquer jeito, o tempo no avião, ônibus, hotel e etc. cansam mais do que alguns minutos a mais na quadra.

Onde o jogo teve mais de sucesso foi em sua duração total. E, sejamos sinceros, era mais nisso que eles estavam pensando com esse teste. Um jogo médio da NBA dura 2 horas e 15 minutos, o de ontem ficou em 1 hora e 58 minutos. Para a televisão isso faz muita diferença! A transmissão fica menos cansativa e mais dentro dos padrões. Talvez por isso possa haver uma pressão para que aconteça uma mudança no futuro, ou pelo menos para que façam mais testes como esse para que estudem as diferenças com uma amostragem maior.

Se tem uma coisa onde a NBA acerta mais do que a maioria das outras ligas em qualquer é na falta de medo em testar, e Adam Silver tem ainda menos do que tinha David Stern. Talvez não tenhamos a linha de 4 pontos tão cedo, mas podemos esperar mais novidades ao longo dos próximos anos. O equilíbrio entre a tradição, o “não mexer no que está dando certo” e a ideia de ser uma liga moderna e inovadora é a meta do novo comissário da liga.

Bola Presa Entrevista – Cleveland Cavaliers

As entrevistas realizadas com os jogadores do Miami Heat foram publicadas ontem. Lá tem papo com Mario Chalmers, Norris Cole, Erik Spoelstra, Josh McRoberts, James Ennis e Shannon Brown. 

Shawn Marion

Shawn Marion

“Decidi vir para o Cavs um pouco por causa de LeBron, um pouco por Kevin Love. Mas também pela franquia, pela cidade. Todos, incluindo o coach Blatt me fizeram sentir muito bem vindo no time e isso me fez acreditar que poderia vir aqui e agregar mais coisas ao meu legado”.

“Aqui não somos jovens como em Phoenix ou veteranos como em Dallas, é uma mistura. Temos alguns jogadores jovens, outros mais velhos e outros mais velhos ainda, como eu. Acho que temos aqui um grande elenco, só precismos nos juntar e nos ajudar para ir o mais longe possível”.

Blatt está fazendo um grande trabalho na sua carreira. Ele acabou de chegar da Europa e a liga inteira está ficando mais internacional. Com o tempo ele vai entender direito como a liga funciona, o calendário, como controlar os minutos dos jogadores, os descansos e tudo mais. Aos poucos ele também vai nos ensinando o que ele quer. Nossa temporada deve ser divertida”.

“A mídia coloca muita expectativa em cima da gente, mas nós temos os nossos próprios objetivos e é isso o que importa pra gente. Sabemos o que queremos e do que somos capazes com esse elenco. É um trabalho longo”.

“Já joguei com LeBron na seleção, mas vê-lo atuando nesse nível, no dia-a-dia de uma equipe, é completamente diferente. É possível ver porque ele é tão bem sucedido, deve-se respeitar como ele encara todas as situações e como ele se cobra e cobra dos outros’.

“Dessa vez eu não vou ser o responsável por marcar o melhor jogador do outro time. Aqui todos vão trabalhar juntos na defesa, nesse elenco existem muitos jogadores versáteis que podem marcar múltiplas posições, não só eu”.

“Acho que Dirk é o melhor jogador estrangeiro que eu já joguei junto, mas não sei se foram tantos assim. Mas em geral? Tony Parker é muito bom, sabe? Mas já encarei ele muitas vezes em Phoenix e em Dallas também. Não sinto falta desses confrontos”.

Blatt

David Blatt

“Estou muito feliz de estar na NBA e me sinto ainda mais sortudo de treinar LeBron James, o melhor jogador do mundo no momento. Já Kevin Love é um jogador que nos ajuda dos dois lados da quadra, com arremessos de longe e como excelente reboteiro. Também é ótimo passador”.

“Estou chegando aqui com minhas ideias e meu sistema de jogo, mas os caras são inteligentes. Eles aprendem rápido e a transição não será um problema. Vamos tentar implantar aqui um sistema inspirado nas coisas que vi e que fazia na Europa. Mudar para cá foi fácil,  basquete é basquete! A parte mais difícil foi a geográfica”.

Anderson Varejão e Tristan Thompson são ambos titulares para mim. Vamos usar os dois em diferentes situações, mas os dois têm qualidades para começar partidas. Os dois são jogadores de energia, reboteiros. Os dois tem velocidade para correr na quadra e ambos são jogadores de equipe. Eles são caras bem parecidos”.

“Anderson a mais de 5 metros da cesta consegue arremessar muito bem. Não tenha dúvida de que iremos ver mais disso nessa temporada”.

KLove

Kevin Love

“Jogar pelo meu país me ajudou muito na carreira. Jerry Colangelo e Coach K me deram uma grande oportunidade de melhorar o meu jogo e de ficar perto de grandes jogadores. Usar o uniforme dos EUA é um jeito de se sentir patriótico em relação ao meu país, então espero ter a chance de jogar aqui em 2016″.

“Visitamos o Cristo Redentor, ontem tivemos um jantar, um evento com Anderson Varejão. Tem sido uma grande viagem para o time, mas no final é uma experiência de trabalho. Estamos aqui para melhorar como equipe”.

James Jones

James Jones

“A bola de 3 pontos é o arremesso mais valioso do basquete, vale mais pontos. É também esse tipo de arremesso que deixa o garrafão aberto para os outros jogadores atuarem lá dentro, onde as superestrelas vão jogar, brilhar e fazer suas enterradas. Então conseguir ser um arremessador e proporcionar esse espaço a sua equipe tem se tornado cada vez mais importante”.

“Os torcedores parecem gostar de ver jogos mais rápidos, com placares altos. As bolas de 3 pontos ajudam nesse aspecto. Temos que ser honestos, os torcedores querem ver cestas”.

“Eu acho que aquele time de Phoenix do Mike D’Antoni contribuiu demais para a mudança da liga em relação às bolas de 3 pontos. Ele chegou com um conceito de quanto mais posses de bola, melhor, e queria ter certeza que todo mundo no seu time sabia arremessar. Quando se consegue isso, a quadra se abre e tudo fica mais fácil”.

“Quando se está crescendo, você quer ter um modelo de jogador para seguir. Sempre existe um tipo de jogador que você quer ser, um ídolo. E agora existem tantos especialistas em bolas de 3 pontos que acho que os garotos entendem que esse é um caminho para se tornar um grande jogador. Pelo caminho que o jogo está indo, você tem que saber arremessar”.

“Os técnicos entendem os números do jogo, que é, no fim das contas, todo sobre estatística. Basquete é sobre totais, porcentagens e aproveitamento. E eles nos passam essas informações. Como um arremessador, porém, eu tento não me prender tanto aos números porque eu devo arremessar uma bola de cada vez. Se eu pensar nas que eu já arremessei ou nas que vou chutar no futuro, é um desperdício de energia”.

BÔNUS

Roger Mason

Quem estava no Rio de Janeiro também era Roger Mason Jr, armador que jogou a última temporada pelo Miami Heat e que não tem equipe para esse ano. De todos os vice-presidentes da Associação de Jogadores da NBA, ele é o que tem o cargo com mais responsabilidades, é o tal First Vice President. Falei com ele sobre sua função e o novo contrato de TV da liga.

“Eu acho que é ótimo para a NBA e para os jogadores que esse novo contrato, nesse valor altotenha sido assinado. Mostra o valor dos jogadores da NBA. Temos que parabenizar Adam Silver e sua equipe pelo negócio”.

“Temos que conseguir mais informações sobre o negócio antes de termos uma opinião fechada sobre um possível aumento no teto salarial. Estamos nesse processo e depois iremos descobrir o que os jogadores desejam, que é o mais importante. Nas próximas semanas e meses descobriremos tudo isso”.

“A comunicação entre os jogadores hoje em dia é bem mais fácil. Com mídias sociais e tecnologias de comunicação não é difícil saber o que cada um está pensando sobre todos os assuntos. No fim das contas vamos continuar assim e descobrir o que cada um quer”.

“Não sei se teremos um locaute em 2017. Mas existem muitos problemas a serem resolvidos, se eu ainda estivesse jogando eu estaria me preparando para um locaute”.

“Acho que o caso de Josh Huestis (explicado aqui) foi bom para o jogador. Eles decidiram fazer isso e ele terá mais chances de crescer na D-League. Nossa liga de desenvolvimento está crescendo, realmente virando uma Minor League, então é um caso que veremos repetir muito nos próximos anos”.

Bola Presa Entrevista – Miami Heat

Foram dois treinos do Miami Heat visitados na última semana no Rio de Janeiro. Como o time de Erik Spoelstra era o primeiro a ir para a quadra, pegávamos os últimos minutos de treinamento e depois entrávamos na quadra para falar com os jogadores e com o técnico. Infelizmente, assim como no ano passado, assistentes técnicos não eram autorizados a falar. Então adeus ao papo com Juwan Howard. Já Pat Riley, que me deu um tapinha nas costas e disse “pode perguntar as coisas pra ele em espanhol” quando eu conversava com Mario Chalmers, também não quis falar. Só se rendeu quando o Balassiano usou seus xavecos cariocas.

Abaixo, as entrevistas que eu fiz, em geral com a Série B do time. Os medalhões falaram só por pouco tempo, cercado por dúzias de jornalistas. Achei que não ia conseguir nada de interessante ou diferente, então parti para os jogadores menores. Veja o que eles me falaram enquanto suavam como doidos naquele ginásio sem ar condicionado do Flamengo.

Chalmers Cole

Os armadores sobre os armadores

Mario Chalmers

“Nosso estilo de jogo não vai mudar muito, mas vai mudar. Temos que jogar para facilitar a vida dos nossos companheiros e para isso temos que ser mais agressivos e teremos oportunidade para isso, apenas precisamos estar prontos. As coisas que LeBron fazia começam com os armadores, mas depois todo o time deve ajudar e jogar com energia. Agora sou um dos veteranos nesse time, quero ser um líder, uma voz no vestiário”.

Norris Cole

“O sistema muda um pouco sem LeBron por aqui, mas não posso dizer exatamente como vai mudar. De qualquer forma, estou empolgado com essas mudanças. Nosso elenco é diferente nessa temporada, temos que aprender aos poucos a exigência desse grupo e mudar nosso estilo”.

Erik Spoelstra sobre Cole e Chalmers

“Os armadores terão um papel maior nessa temporada, eles serão mais responsáveis para organizar nosso ataque e em envolver todo o time. Mas ao mesmo tempo eles não precisam tentar fazer mais do que sabem, mudar seus estilos pessoais. Os dois (Chalmers e Cole) sabem o que fazer e ambos estarão em quadra durante muito tempo nos jogos”.

Spo

Erik Spoelstra sobre o Heat 2014

“Ainda é cedo para saber como vamos jogar na próxima temporada. É para isso que treinamos hoje aqui, pesado, por duas horas num chão duro e sem ar condicionado. Entendemos que é parte do processo e que temos que trabalhar muito na pré-temporada”.

“Quando fiquei sabendo que LeBron iria sair, ficamos surpresos, como todos. Mas depois continuamos a trabalhar, tínhamos que montar um time que faça nossa cidade se orgulhar. Então fizemos esse time e estamos aqui na pré-temporada para fazê-lo melhor. As expectativas para o Miami Heat não mudam, ainda queremos ser campeões”.

“É ótimo que a NBA tenha uma variedade de técnicos como tem hoje. Nos últimos 5 anos vimos mais diversidade na profissão do que nunca tínhamos visto antes, temos antigos treinadores da NBA voltando, ex-treinadores de faculdades,  ex-jogadores, ex-coordenadores de vídeo. Hoje temos mais franquias com a mente aberta para diferentes experiências, depende das necessidades de cada time”.

McRoberts

Josh McRoberts

“Estou muito empolgado para essa temporada. O time não é o mesmo, além de mim, Danny (Granger) e Luol (Deng) também são novos e todos estão me ajudando nessa mudança de equipe”.

“Acho que eu posso me encaixar bem no sistema do coach Spoelstra aqui no Heat. Claro que em Charlotte era diferente, com Al Jefferson sempre jogando dentro do garrafão, mas eu acho que posso continuar a jogar de frente para a cesta, movimentando a bola e tomando decisões de passe no ataque. Ainda tenho esse papel por aqui. Mesmo com Chris Bosh jogando mais fora do garrafão, meu estilo se encaixa aqui. Temos jogadores se movimentando pela quadra livremente como nos últimos anos. Mesmo com algumas mudanças no elenco eu acredito que a base tática será a mesma”.

“Na defesa também vejo muitos princípios defensivos parecidos, a principal diferença é que o Miami é conhecido pela agressividade na defesa, mais do que o Charlotte, que era um pouco mais conservador, mas com os mesmos princípios. O Heat é mais agressivo nos pick-and-rolls, mas para mim especificamente não muda tanto assim”

“Spoelstra tem conversado com a gente para sermos um melhor time nos rebotes nessa temporada. Não vou ser um cara que pega 15 ou 20 rebotes em um jogo, mas creio que posso ajudar e que seremos um time melhor nessa categoria nesta temporada”.

Ennis

James Ennis

“Para os torcedores do Heat no Brasil que não me conhecem, sou um jogador atlético, ala, braços longos e que adora enterrar. Gosto de entrar no jogo com energia e deixar os torcedores de pé com as minhas jogadas”.

“Na última temporada o Heat já tinha meus direitos, mas eles não tinham espaço no salary cap e já tinham 15 jogadores assinados no elenco e queriam manter um grupo de veteranos. Tinha a opção de ir para a D-League ou jogar fora do país, decidi ir para a Austrália por questão de dinheiro. Eu precisava ajudar minha família, que não está muito bem financeiramente até hoje. Eu, como filho mais velho, senti que deveria optar pelo caminho onde pudesse ajudar meus familiares”.

“Eu sou muito jovem, então quando fui para a Austrália eu sabia que o Heat, que manteve meus direitos, iria me dar mais uma chance. Não tinha garantia de nada, mas me preparei para voltar na Summer League . E foi o que aconteceu, eles me chamaram e eu mostrei como meu jogo melhorou no último ano”.

“É diferente para cada jogador, não posso responder por todos. Mas entre ser draftado na segunda rodada e ficar preso com um time, ou não ser draftado e ter liberdade para escolher qualquer equipe, eu preferi ser escolhido. Eu trabalhei duro minha vida inteira para ouvir o meu nome ser chamado no Draft, foi uma bênção ser chamado naquele dia”.

“Eu queria ter tido a oportunidade de jogar ao lado de LeBron James. Tê-lo como veterano, observar o melhor jogador do mundo no momento do seu lado seria legal. Mas temos Dwyane Wade, Chris Bosh, Mario Chalmers, são muitos veteranos de quem posso aprender muito e ainda seremos muito bons. Agora as pontes-aéreas que lançavam para LeBron podem ser minhas, eu amo essa jogada”.

Shannon Brown

Shannon Brown

“Pessoalmente, quero trazer minha experiência, energia e minha capacidade atlética para ajudar o Miami Heat nessa temporada. Acho que posso usar minha experiência em times vencedores para ajudar outros jogadores, para me entrosar com os novos companheiros e tentar manter o Heat entre os melhores times da liga”.

“Acho que meu estilo atlético combina muito com o Heat. Marcar com pressão no perímetro, forçar erros, incomodar o adversário e depois sair no contra-ataque para achar o companheiro livre ou finalizar. Acho que me chamaram aqui porque combino com o estilo de jogo do time”.

“Creio que o fato de eu ter sido campeão no Lakers ajudou na minha contratação. Quando se tem um título, ninguém pode tirar isso de você. Eles venceram, eu venci. Hoje somos capazes de nos juntar, comparar cada equipe, descobrir o que deu certo em cada time e tentar repetir isso no futuro. No Lakers aprendi que o jogo é quase todo mental. Todos estão cansados, todos tem dificuldades, vence quem consegue colocar esses problemas para trás para competir todos os dias”.

Devo admitir que, depois de encerrar a gravação com Shannon Brown, disse que sou torcedor do Lakers e que era muito fã dele. Com o gravador desligado pode, né? Ele, que mal deu entrevistas por lá, deve ter ficado um pouco feliz que alguém se interessava por ele. Foi uma boa ação! 

Brincando de NBA

Nós sabemos como o negócio funciona: é um negócio. A NBA não abriu escritório no Brasil e depois veio pra cá realizar jogos só porque eles acham a gente um país de pessoas divertidas e alegres. O Brasil é um mercado grande, em expansão e interessante demais para uma liga que tem a ambição se espalhar ao redor do mundo. Temos sorte de estarmos no lugar certo.

Mas a frieza dos negócios não atrapalha em absolutamente nada a parte que a gente gosta: o jogo de basquete e o espetáculo da NBA, onde o esporte é levado a outro nível de qualidade. Gostamos do show e da promoção do evento, mas deve ficar sempre claro que as pessoas vão lá assistir acima de tudo porque os atletas são bons no que fazem. A experiência da NBA no Brasil, que dessa vez pude acompanhar durante toda a última semana com credencial e tudo, me pareceu, antes de qualquer coisa, um presente da liga para os brasileiros: por uma semana vocês vão ver como é por aqui. Já que somos um mercado bom, eles nos deram um produto bom pra gente usar.

LeBron Varejão

Fora das quadras, os torcedores puderam vivenciar as ações que os torcedores norte-americanos vivem ao longo do ano, coisas organizadas por patrocinadores, pela liga, pelo NBA Cares ou pelos times de cada cidade. São lançamento de produtos, arenas de entretenimento, shows e caridade. Nós, jornalistas, tivemos as experiências de acompanhar treinos, falar com jogadores e participar de entrevistas coletivas. O torcedor que foi no ginásio teve até overdose de tudo o que se tem em um jogo da NBA: mascotes, cheerleaders, ações de marketing, vídeos, brindes, DJs e tempos e mais tempos pedidos em quadra pra dar tempo de todos os shows acontecerem. Um lado mais brasileiro do fim de semana foi a bonita homenagem a Luciano do Valle, ótimo narrador que inventou de trazer a NBA para a TV brasileira e ainda calhou de ter a sorte de narrar uma época de ouro da liga. Uma das coisas legais de ler um blog hoje em dia é ver a paixão da pessoa pelo assunto tratado, quando um narrador profissional e rodado de TV mostra essa mesma paixão quase amadora por uma modalidade, é algo a ser admirado.

Todos com quem conversei ficaram bastante satisfeitos com todo o leque de ações. As pessoas no ginásio em especial ficaram em êxtase com o jogo, as ações e a diversão geral proporcionada. Como jornalista, digo que a experiência também ficou mais na casa da diversão do que no trabalho, já que, na verdade, não havia muito o que a gente podia fazer. Vou explicar como foi nossa rotina.

Nos treinos de quinta e sexta-feira, tivemos meia hora para falar com cada equipe. Pegamos o Miami Heat depois do seu treino e o Cleveland Cavaliers antes de começar a sua parte. O tempo, porém, não foi muito calculado. O clima no Heat, ameno, nos rendeu até mais do que os 30 minutos combinados, com o Cavs foi tudo controlado, restrito e o tempo mais escasso para as conversas.

O formato favoreceu muito o Heat, já que apresentou jogadores mais relaxados depois de terem feito sua tarefa do dia e mais dispostos a conversarem conosco. Os jogadores do Cavs foram bem mais fechados e muitos deles chegavam em quadra e já iam pegar uma bola e arremessar, não nos dando chance nem de pedir uma conversa rápida. De qualquer forma, aproveitei a chance e brinquei de jornalista de NBA. Ignorei os medalhões cercados por jornalistas sérios, que tinham chefes cobrando matérias, e que iam perguntar sobre o que Wade, Bosh e LeBron achavam do Rio. Aproveitei que sou meu chefe e que poderia esperar até hoje para postar e fui lá bater papo com James Ennis, Mario Chalmers, Dion Waiters e James Jones. Uma pena que, como no ano passado, os assistentes técnicos não eram autorizados a dar entrevistas. Então nada de Juwan Howard ou Tyronn Lue dando pitacos. Os papos não foram nada que renda algo muito exclusivo e fora de série, mas assim como os fãs foram torcedores de NBA por um dia, fui sportswriter por dois e foi demais. Publicarei o conteúdo com os jogadores e técnicos ao longo dessa semana!

Bosh

O jogo em si foi um clássico jogo de pré-temporada. Alguns jogadores preguiçosos, outros querendo mostrar serviço e depois um garbage time nos últimos 15 minutos de partida. Mas demos muita sorte porque o garbage time carioca foi muito intenso e, dentro do possível, até de boa qualidade. O dentro do possível é porque o último quarto e prorrogação vimos muitos jogadores que nem vão ter contrato na próxima temporada, uma penca de novatos e nenhum entrosamento entre os jogadores. Não dava pra exigir demais. Também posso estar exagerando um pouco já que ver as coisas ao vivo, como disse no ano passado, dá um encantamento extra à partida. A nossa percepção da velocidade do jogo é outra quando não estamos vendo pela tela da TV.

A partida foi salva, em especial, por dois caras que eu aposto muito, Shabazz Napier e James Ennis. Atual campeão universitário, Napier tem potencial para ser titular nesse time, mas é óbvio que começa a corrida bem atrás de Norris Cole e Mario Chalmers, mais experientes, melhores defensores e que conhecem o sistema de Erik Spoelstra. Mas Napier soube aproveitar a vantagem de sua situação: jogou sem estrelas do seu lado e teve todo o protagonismo para si. Também é melhor ser marcado por AJ Price e Joe Harris do que por aquela defesa pressão muito bem executada que o Cavs implantou com LeBron James, Matthew Dellavedova e Dion Waiters no primeiro tempo. Abusou de infiltrações, acertou arremessos de 3 pontos e impressionou com passes. A seu lado, o atlético James Ennis, que já havia brilhado nas Summer Leagues, deu o gás atlético que faltou ao Heat até quando os titulares estavam em quadra.

Pelo Cavs, valeu a pena ver o sistema “europeu” (meio simplista falar assim, mas dá pra entender) do técnico David Blatt. Muitos passes, movimentação sem a bola e pouquíssimos dribles e jogadas individuais, com exceções esperadas de quando Dion Waiters se empolgava em quadra. Provavelmente isso deve mudar um pouco com Kyrie Irving, já que seu melhor atributo é justamente o drible, mas foi legal para ver a proposta do novo Cavs. Até por esse sistema que LeBron pareceu meio passivo, impressionando mais com aqueles violentos passes que rasgam a quadra em segundos do que com infiltrações e cestas impressionantes. Assim como nos treinos e entrevistas, LeBron ficou na dele durante o jogo e não roubou o show para si.

Sobre Anderson Varejão, ovacionado pela torcida, tudo indica que ele deve ser mesmo reserva. Até seu ótimo jogo pode ter ajudado nisso, por mais contraditório que isso possa parecer! Durante a semana, Tristan Thompson foi sempre titular, mas David Blatt não ia ser louco de deixar o brasileiro de fora do quinteto inicial no jogo, né? Aí o brazuca entrou em modo de ataque e começou a acertar tudo. Na entrevista coletiva ele até disse que estava preocupado porque teria que fazer pelo menos 2 pontinhos. Nem precisava, mostrou aquele jogo ofensivo que raramente vemos na NBA mas estamos acostumados a ver nos jogos da seleção brasileira, foi uma excelente atuação e passou dos dois dígitos em poucos minutos.

Mas se Blatt já pensava em ver Varejão vindo do banco, vê-lo pontuar bem, até com arremessos e jogadas de costas para a cesta, é mais um motivo para deixá-lo vindo do banco ao lado de Shawn Marion e outros reservas. Tristan Thompson é bom e muito atlético, mas está muito longe de ser capaz de criar o próprio arremesso. O canadense pode ter seus defeitos disfarçados com os passes de LeBron James, pelos rebotes defensivos ganhos por Kevin Love e pela defesa de pressão que o time terá com os titulares. O brasileiro, mais experiente e melhor passador, realmente pode ser mais útil atuando com uma maior parcela do pessoal do banco e, se continuar pontuando como no último sábado, melhor ainda.

Acho que não podemos pedir mais do que isso. Fãs brincando de ser torcida do Heat, jornalistas brincando de Craig Sager e Steven Holt acertando um arremesso decisivo como se ele fosse um Kevin Durant da vida. Até Chris Bosh brincando de dono do mundo teve.

Não dá pra esquecer também que o evento se tornou uma maneira de reunir pessoas que transformam esse campeonato de basquete em estilo de vida. Como no ano passado, foi só no Rio de Janeiro para o jogo da NBA que encontrei amigos que fiz aqui no blog, da liga de fantasy que criamos há 6 anos ou ainda os outros blogueiros/jornalistas que ficam nessa insanidade de falar de jogos que acontecem do outro lado do mundo. Chegou a faltar tempo de encontrar todos os coleguinhas virtuais do basquete! Mas foram bons papos com o pessoal do Jumper, com o anfitrião carioca Bala na Cesta, pepsis geladas com o Luís do Triple-Double, papos de pagode com o mito do Spurs Lucas Pastore. Ainda teve Pick-And-Roll, Fox Sports, Área Restritiva, ESPN e muito mais. Faltou só o Homens Brancos Não Sabem Blogar e o Two-Minute Warning, vamos liberar mais credencial para quem gosta e menos para o CQC, dona NBA?

Se ano que vem tivermos outro jogo, recomendo que todo fã da NBA tente ir. Para quem não é do Rio pode ser bem caro ir pra lá, mas é o melhor lugar para vestir sua camiseta esquisita de um jogador alternativo, ver pessoas conversando de NBA em todos os cantos da cidade e encontrar amigos virtuais. Se no caminho você encontrar o Chris Andersen comendo no McDonalds, melhor. Desde já torcendo para a NBA trazer Tiago Splitter e o San Antonio Spurs no ano que vem, já que depois de um tapinha nas costas de Pat Riley e um high-five do mascote Burnie, uma resposta atravessada de Gregg Popovich seria um Grand Slam da cobertura esportiva.

Birdman

Locaute 2017: Eu vou!

Lembra quando o Milwuakee Bucks, o time menos valioso da NBA, foi vendido por meio bilhão de dólares? E há algns meses, depois das acusações de racismo do antigo dono, Donald Sterling, quando o Los Angeles Clippers foi vendido por DOIS BILHÕES de doletas? Pois é, os números envolvendo a NBA ficam cada vez mais surreais e eles ganharam mais algumas cifras nessa semana.

Foi assinado um novo contrato de televisão entre a NBA e a Disney (dona da ESPN e da ABC) e com a Turner (dona da TNT) no valor de… preparem-se: 24 BILHÕES de dólares por 9 anos! A média é de 2,6 bilhões por temporada, mas ainda não foi decidido ao certo quanto será pago a cada ano, e explicaremos a razão.

NBA TV deal

O teto salarial da NBA é decidido baseado no Basketball Related Income (BRI), o PIB da NBA, o total de grana que a liga recebe ao longo de uma temporada. Somando contratos de TV, League Pass, patrocínios, produtos e tudo mais, pega-se o valor total ganho pela liga e é definido o teto salarial e do “luxury tax”, o limite de salários que, se ultrapassado, resulta em multas. Tirando os pormenores, em geral o teto salarial equivale a 45% do BRI dividido pelo número de franquias da liga.

Desde a metade dos anos 2000 que o teto salarial fica na casa dos 50 e poucos milhões de dólares. O aumento costuma ser bem pequeno de ano pra ano e foi até uma surpresa quando, no ano passado, ele cresceu 5 milhões e passou de 58 para 63 milhões de dólares. Isso aconteceu porque a renda da NBA subiu bastante e, segundo dados obtidos pelo Grantland, apenas 13 equipes tiveram pequenos prejuízos no último ano. Um bom número!

Agora imagina o caos se, de repente, o BRI ao invés de contar com os 900 milhões anuais do atual contrato de TV, passa a receber 2,6 bilhões! Tudo ia mudar e, de uma hora para a outra, sem que ninguém pudesse ter previsto, o teto salarial pularia dos 63 milhões atuais para a casa dos 80 ou até 90 milhões de dólares! Times que estão com o teto salarial comprometido, como o Brooklyn Nets, iriam se ver podendo assinar até jogadores de contrato máximo. Imagina o Kevin Durant como Free Agent justamente no ano que TODOS os times na liga ganham espaço salarial para oferecer um contrato gigantrosco para o jovem MVP, vai ser um caos.

Além de ser caótico, seria injusto com muitos times que passaram os últimos anos calculando, trocando e até evitando negócios para não chegar nessa temporada com problemas de teto salarial. O próprio Thunder trocou James Harden anos atrás para não ficar acima do teto salarial e com sua folha salarial engessada pelo grande número de contratos grandes. Os times terão que entrar em acordo sobre como isso irá mudar, com alguns sugerindo uma adição aos poucos desses bilhões e outros um aumento imediato, mas no fim das contas cada time vai ser bem egoísta.

Outra aberração criada pelo salto inesperado do teto salarial é que a regra para o salário dos jogadores não mudaria em nada. O escala de pagamento dos novatos, o salário máximo e mínimo permitidos para jogadores com pelo menos 5 ou 10 anos na liga não são calculados baseado de acordo com o BRI, ao invés disso são definidos durante as negociações entre a liga e o sindicato dos jogadores. O último contrato foi tenso, vencido pelos donos dos times e acarretou no locaute de 2011. Naquela época os donos das equipes argumentaram que estavam ganhando pouco e que a divisão do dinheiro teria que ir mais para o lado deles e menos para os jogadores. O cenário será completamente diferente na próxima negociação, em 2017.

Quantos jogadores vão querer contratos longos que ultrapassem a próxima negociação de salário, onde os pagamentos podem estourar? Será que os donos vão estar mais tranquilos com os contratos de TV e vão facilitar a vida dos jogadores para evitar mais uma paralisação? Afinal, agora que o dinheiro está entrando não parece um bom negócio perder meses e meses de jogos lucrativos. E como estará a sempre capenga organização dos jogadores para conseguir exigir uma fatia maior dessa grana surreal que adentra a liga? São tantas questões que fica difícil acreditar que tudo será resolvido pacificamente sem pelo menos uma ameaça de paralisação em 2017.

A diferença do último locaute, porém, é clara. Em 2011 a discussão pairava sobre se a liga poderia ser lucrativa, agora ela será sobre com quem deve ficar todo esse rio de dólares. Provavelmente os jogadores vão pedir salários maiores e maiores garantias, especialmente para os que estão entrando na liga. Os donos devem topar um aumento grande do teto salarial, mas em troca vão pedir o “hard cap”, o teto que não pode ser ultrapassado nem com jeitinhos e nem com multas, como é hoje. Muita coisa vai mudar.

Preview da Temporada: as ambições

Uma das coisas mais importantes que eu aprendi na minha vida esportiva foi a de sempre tentar aprender do esporte antes de começar a acompanhar um torneio. Claro que alguns esportes podem valer minutos de diversão apenas pela sua qualidade estética, mas nada se compara ao saber da história, do contexto. Como defendo ferozmente aqui, é a narrativa que nos leva a gostar de esporte! Os jogos são uma maneira caótica de contar histórias, que força um clímax mesmo sem ter um script escrito.

Mas para aproveitar a história é preciso conhecer os personagens. Para aproveitar a Cinderela que surge ganhando de todo mundo no meio dos Playoffs, você precisa saber quem deveria ser ela. Quem são as Cinderelas da próxima temporada da NBA? Quem são os gigantes que devem ser derrubados? Quem busca uma última glória antes de dizer adeus? Cada time entra com uma ambição e um objetivo e aqui mostramos em que grupo cada uma das 30 franquias se encontram nesse momento.

 

Os times que querem e vão perder
Celtics SixersJazz

 

 

 

O Sixers é o exemplo máximo da derrota proposital: trocam seus melhores jogadores por nada, se recusam a usar o enorme espaço que tem no espaço salarial para contratar Free Agents e, no Draft, selecionam jogadores que estão lesionados e vão demorar mais de ano para começar a dar resultado. O time leva a tal da reconstrução a um extremo tão absurdo que chega a incomodar o resto da liga, que teme como os torcedores (não só da Philadelphia) irão enxergar a NBA. Algum outro campeonato no mundo tem um time que busca incansavelmente as derrotas? Algumas regras novas serão em breve discutidas para se mudar o Draft e o que dizem é o que Sixers é o único time contra.

O time leva isso ao extremo até com seus jogadores mais irrelevantes. Dois casos chamaram a atenção nessa offseason, os de Jordan McRae e KJ McDaniels, ambos escolhidos na segunda rodada do Draft 2014. Como sabemos, jogadores selecionados na segunda rodada não tem contrato garantido, então o time tem muito poder sobre o que oferecer para eles.

Os times que selecionam jogadores na segunda rodada tem até o começo do training camp (agora, mais ou menos) para oferecer algum contrato a seus jogadores, por pior que seja, ou senão perdem os direitos sobre o atleta, que vira um Free Agent. O problema é que esse contrato nem sempre é garantido para a temporada. Ou seja, o cara fica preso ao time até o período de treinamento, treina e aí é cortado na primeira semana de campeonato. Provavelmente foi isso o que ofereceram para McRae, um dos melhores jogadores da Summer League de Orlando em Julho, que decidiu então assinar com o Melbourne Tigers da liga australiana. E ele fica ligado ao Sixers na NBA, que mantém seus direitos, e torce para receber algo mais garantido daqui um ano.

Outro caso foi o de KJ McDaniels, também escolhido na segunda rodada. Como se tornou padrão na maioria dos times que tentam ser criativos (para soar educado) com o teto salarial (o Rockets começou a moda), o Sixers ofereceu um contrato de 4 anos de duração com os dois primeiros garantidos para Daniels, mas por um valor muito próximo do mínimo permitido para um novato, cerca de meio milhão de dólares por ano. A ideia é simples, dê o mínimo possível para um jogador desesperado para entrar na liga; se ele der certo você tem um grande jogador por um valor mínimo, se der errado você nem percebe que ele está no elenco de tão ridículo que é o gasto. Era assim que ano passado o Rockets pagava mixaria por Chandler Parsons, que acabou virando um excelente jogador. Daniels, porém, resolveu fazer uma mini-rebelião e não aceitou o contrato! Um novato sem moral alguma recusou a proposta de 4 anos para tentar uma de 1 ano apenas. Ele quer jogar bem e no ano que vem, como Free Agent, ganhar um salário maior. Arriscado, mas possível.

Tudo isso porque a ideia do Sixers é a seguinte: perder, colocar todas as fichas no Draft e, quando se achar os jogadores realmente interessantes, aí sim gastar o espaço salarial para renovar com eles. Serão Michael Carter-Williams, Nerlens Noel e Joel Embiid o trio de estrelas que eles procuram? Eles descobrirão enquanto perdem bastante. Noel fará sua estreia nesse ano, Embiid talvez só daqui muitos meses.

Os outros dois times citados não são tão extremos. O Jazz e o Celtics não tem pressa e mandar para o saco os seus veteranos mais importantes, mas também não fazem loucuras para montar um time em volta desses caras. Mais do que parceiros para Rajon Rondo, o Celtics busca mais escolhas de Draft e tem formado uma coleção delas (valeu, Nets!) para os próximos anos. O Jazz faz o mesmo e se aproveita da paciência de uma torcida fiel e pequena para fazer sua reconstrução bem devagar, esperando Trey Burke, Enes Kanter, Derrick Favors (e agora Dante Exum) tentarem se transformar num time de verdade. Se não der, sempre teremos Paris (e o Draft).

 

Os times que não querem perder, mas vão perder e não se desesperam por isso
Bucks MagicWolves

 

 

 

Estes três times passaram do estágio anterior, mas isso não quer dizer que eles tem condição de buscar muitas vitórias. O Milwuakee Bucks é um caso bizarro de reconstrução bem feita que aconteceu totalmente sem querer! No ano passado eles contrataram um monte de veteranos para ajudar Larry Sanders e Ersan Ilyasova, que vinham de contrato gordo, renovado e de boas temporadas, para ir aos Playoffs. Nada deu certo! Os que não machucaram, jogaram mal. Mas no meio do caminho eles conseguiram um dos melhores novatos do último ano, o promissor Giannis Greek Freak e viram Brandon Knight evoluir muito seu jogo. Aí arrancaram o espetacular Jabari Parker no Draft 2014 e de repente parece que eles tem a base para visar evolução num futuro próximo. Será que Larry Sanders volta a render? Será que Giannis um dia vai parar de ficar mais alto? É um time para se ver de perto.

O Orlando Magic não tem nomes tão empolgantes como o Bucks, mas Nikola Vucevic e Tobias Harris tiveram excelentes momentos nos últimos anos; Victor Oladipo foi (na minha humilde e não majoritária opinião) o melhor novato da última temporada e nesse ano eles apostam muito em Aaron Gordon, quarta escolha no Draft. O ala ainda parece despreparado para ter grande impacto, mas pode dar frutos. Ainda devem ficar nas últimas posições e os brasileiros que forem a cidade ver o time jogar não vão conhecer ninguém, mas a base está lá, o objetivo não é mais só perder.

Por fim, o Wolves é o time com mais nomes de destaque nesse grupo. O time ainda é muito novo e se renovou completamente depois de não conseguir uma mísera vaga de Playoff em todos esses anos de Kevin Love, mas usou a troca de sua estrela para pular a etapa de derrotas, sorteio de Draft, seleção de novatos e blá blá blá. Pelo ala, receberam a primeira escolha do último Draft, Andrew Wiggins, o do penúltimo Draft, Anthony Bennett e ainda arrancaram do Sixers o ainda jovem e muito bom Thaddeus Young, que formará um time estupidamente veloz e atlético. Quem comanda o show dessas aberrações físicas? Ricky Rubio! É o mais próximo dos Globetrotters que a NBA já chegou. Para equilibrar, eles tem o grandalhão, lento e pesado Nikola Pekovic como pivô, mas é tão divertido ver ele engolir os adversários magrinhos que simplesmente nada nesse time é desinteressante. Pela idade, entrosamento e histórico do técnico, o auto-eleito e também manager Flip Saunders, é cedo para esperar vitórias, mas é um dos elencos mais promissores da NBA.

 

Os times que querem ganhar mas ainda não estão prontos
Pistons KingsLakersPacers

 

 

 

O Indiana Pacers deveria lutar pelo titulo agora que LeBron James saiu do Miami Heat, mas Lance Stephenson foi embora e Paul George sofreu aquela contusão bizarra. Como um ataque ruim sobrevive depois de perder seus dois melhores jogadores de ataque? Isso mesmo, não sobrevive. Vamos ver muitos turnovers do Roy Hibbert, que receberá um fardo maior do que pode carregar, e muito ataque forçado pelo Rodney Stuckey. O torcedor do Pistons sabe como é. Eles foram montados para lutar por título e vão demorar para assumir o fracasso, vai ser um ano triste em Indianápolis.

O mesmo vale para o Los Angeles Lakers. O time de hoje, que tem Kobe Bryant e Steve Nash como grandes astros, foi montado para vencer o título há duas temporadas. Não deu certo, Pau Gasol e Dwight Howard foram embora e o time esfarelou de vez quando os dois veteranos foram abocanhados por cruéis lesões no último ano. Torço pelo Lakers e torço ainda mais para ver Nash e Kobe, dois dos meus jogadores favoritos na história do mundo, encerrarem suas carreiras jogando em alto nível, mas temos que ser realistas e enxergar que mesmo que isso aconteça, para onde vai o Lakers? Onde Jeremy Lin, Jordan Hill e um envelhecido Carlos Boozer podem te levar? Pelo perfil dos jogadores e do novo técnico, Byron Scott, vejo um time aguerrido, disciplinado e competitivo, mas o Oeste não é o Leste, é preciso mais.

O Detroit Pistons e o Sacramento Kings, por outro lado, estão nesse grupo por falta de preparo, não de jogadores. Com talentos como DeMarcus Cousins atingindo seu auge e Rudy Gay, que deveria ser melhor do que é, o Kings poderia estar empolgando como, sei lá, o Suns. Mas o ambiente lá é tão ruim que todo jogador promissor começa uma decadência assim que pisa na cidade! Será que a tal ~mudança de cultura~que os novos donos queriam impôr no ano passado vai começar a dar resultado? Com Ben McLemore, Nik Stauskas e Cousins dá até pra sonhar, mas não mais que isso. O Pistons também sofre com o “ambiente ruim” nos últimos anos. Ninguém acredita no time e não quer jogar lá, os técnicos não conseguem impôr seu sistema de jogo e as derrotas parecem já fazer parte da essência de uma equipe que foi uma das maiores vencedoras da liga nos anos 2000. Para mudar isso chamaram Stan Van Gundy para ser técnico, General Manager, presidente, mestre de obras e secretária. Conseguirá o Super Mario fazer com que chamemos a irracionalidade de Brandon Jennings e Josh Smith em quadra de genialidade e improviso criativo? É um senhor desafio.

 

Os times que querem ir para os Playoffs e até podem conseguir
Nets PelicansNuggetsKnicks

 

 

 

O Brooklyn Nets deveria estar lá embaixo como um time que quer perder. O plano de ser campeão a curto prazo foi um desastre e era hora de recomeçar, mas sem escolhas de Draft pelos próximos 100 anos, o que fazer? Então lá vão eles, agora com o ótimo Lionel Hollins e seu dedo torto em busca de uma vaga nos Playoffs. Com Deron Williams, os restos mortais de Kevin Garnett e Brook Lopez (será?) pode ser possível, mas o mais provável é que o melhor que veremos do time nessa temporada seja o desenho de sua quadra mesmo.

Os vizinhos do New York Knicks não tem muito mais o que celebrar, mas pelo menos eles conseguiram, quase que inexplicavelmente, reassinar com Carmelo Anthony! A lábia de Phil Jackson vai além da minha imaginação. “Veja bem, Melo, você vai perder mais um ano do seu auge físico e técnico jogando ao lado de Amar’e Stoudemire, Andrea Bargnani e JR Smith, mas eu juro, JURO, que no ano que vem eu melhoro tudo de maneira mágica. Quem eu vou trazer? Surpresa! Ano que vem você descobre. Ah, e nosso técnico vai ser um novato na posição que vai tentar implementar um sistema de jogo que é bem difícil de aprender”. Tão surreal que eu não me surpreenderia se desse certo.

New Orleans Pelicans e Denver Nuggets são lar da explosiva dupla de garrafão da seleção norte americana, Anthony Davis e Kenneth Faried. Davis deve se tornar um dos melhores jogadores da NBA num futuro próximo, mas é difícil prever o sucesso do Pelicans já que Eric Gordon e Tyreke Evans não trazem o mesmo otimismo com seus nomes. Se com Jrue Holiday e Davis, dois dos melhores defensores de suas posições, o Pelicans teve a QUARTA PIOR DEFESA da última temporada, fica difícil ter muita fé. Com o Nuggets é a mesma coisa, muitos talentos individuais no elenco, mas o último ano foi um desastre. A esperança existe porque Danilo Gallinari e JaValle McGee voltam de lesão e Arron Afflalo retorna ao time onde se destacou no passado. Existe o potencial para Denver voltar a ser aquela parada nas viagens que ninguém quer fazer: altitude, time que joga com estúpida velocidade e agressividade. Dá pra roubar uma vaga de Playoff se o time se entrosar, mas o Oeste é complicado.

 

Os times que querem ir para os Playoffs e provavelmente é só isso que vão conseguir mesmo
Suns GrizzliesHornetsHawksRaptors

 

 

Dá pena falar do Phoenix Suns como um time que vai ter que ralar para chegar aos Playoffs. Na temporada passada, mesmo com as seguidas lesões de Eric Bledsoe, eles ficaram em 9º no Oeste, o que significa mando de quadra e favoritismo se ficassem no Leste! E não estou exagerando!!! Tudo isso considerando o calendário mais difícil que os times do Oeste enfrentam pelo número de confrontos entre si. Mas sabe o que é pior? Listei o Grizzlies ao lado do Suns e mais 7 times nas categorias da frente, então é bem possível que o Suns fique novamente de fora. Surreal. Eles jogam um dos pick-and-rolls mais refinados da NBA e estão levando ao extremo o small ball, a estratégia de jogar com muitos jogadores baixos e assim atrapalhar os adversários com a velocidade, arremessos de longa distância e mismatches. O time dos 100 armadores (Dragic 1, Dragic 2, Bledsoe, Isaiah Thomas, Tyler Ennis…) ainda nos avisou para esperar muito de Markieff Morris como pivô! Vai ser muito legal!

O outro time do Oeste na categoria é o oposto do Suns. O Memphis Grizzlies nem sabe o que é esse tal negócio de “velocidade” que falam tanto. O Grizzlies é o mais próximo de um time dos anos 90 que sobreviveu nessa NBA tarada por bolas de 3 pontos e correria. Com sua defesa física (pra não dizer violenta) e o jogo pesado de Zach Randolph e Marc Gasol no garrafão, o Grizzlies é constantemente o time ruim que ninguém quer enfrentar nos Playoffs. Uma renovação no banco de reservas seria bem vinda, será que Vince Carter e Michael Beasley dão conta dessa ingrata função?

No Leste, três times aparecem como equipes sólidas e quase certas nos Playoffs. O Atlanta Hawks é basicamente o mesmo que na temporada passada era o melhor time fora da ~polarização~Heat/Pacers até a lesão de Al Horford. Depois chega o Toronto Raptors e seu time de role players entrosados e promissores. Uma explosão na carreira de Jonas Valanciunas ou DeMar DeRozan pode até elevar o Raptors a outro patamar, mas por enquanto eles ainda não são mais do que o clássico time “arrumadinho”, a equipe sem estrelas que sabe o que faz em quadra e a gente do lado de fora não sabe explicar.

Por fim, o Charlotte “ex-Bobcats” Hornets agrega Lance Stephenson ao time que surpreendeu muita gente na temporada. O novo-velho Hornets impressionou com uma defesa agressiva, mas no ataque dependia demais de Al Jefferson brincando de enganar os outros pivôs no jogo de costas para a cesta. Talvez o soprador Stephenson traga uma bem vinda criatividade, além da movimentação de bola que eles perdem com a saída de Josh McRoberts.

 

Os times que querem lutar pelo título (mesmo sabendo que não devem vencer)
Heat WarriorsRockets WizardsBlazersMavs

 

 

É só aqui que a coisa começa a esquentar. Estes são os times que estão lá beira do sucesso, que tem elenco, ambição e que tem tudo para estar ao menos nas semi-finais de conferência. São os que vão bater de frente com os que lutam de verdade pelo título! O problema dessas equipes, porém, é que falta alguma coisa e, nessa altura do campeonato, um pouco vira muito.

O que o Miami Heat faz, mesmo no Leste, sem LeBron James para decidir os jogos importantes na defesa e no ataque? Não estou falando de uma ou duas bolas no fim dos jogos, mas de marcar o melhor jogador adversário, de chamar marcação dupla durante os 48 minutos das partidas, de ser o maior responsável pelas viradas de jogo que caracterizaram o ataque inovador do Heat nos últimos anos. Dá pra ser um time bom sem ele, mas falta o diferencial. Ainda no Leste, o Washington Wizards precisa encontrar o equilíbrio entre seus veteranos/coadjuvantes Nenê e Paul Pierce com os pirralhos/estrelas John Wall e Bradley Beal. No ano passado, contra o Pacers, vimos as duas categorias de jogadores viajarem nos altos e baixos dentro até nas mesmas partidas. Parece ser um time que precisa de ao menos mais um ano de “cicatrizes” antes de pular para outro grupo.

No Oeste o bagulho é louco e o processo é lento. Alguns times até tem tudo o que se precisa para montar um timaço, mas a questão é outra: mesmo com tudo isso, dá pra ser melhor que Spurs e Thunder? O Rockets ainda gera dúvidas pela defesa gangorra (Beverley lá em cima, Harden lá embaixo) e até pelo ataque, que é  previsível quando enfrenta defesas bem preparadas e no jogo tradicionalmente mais lento dos Playoffs. O Blazers mostrou no ano passado como ainda está anos luz de saber fazer ajustes e mudar seu estilo de jogo dependendo do adversário.

De todos esses, vejo o Golden State Warriors como o time mais preparado. Quando com o grupo inteiro, sem lesões, juntam uma das melhores defesas da NBA com um ataque perigosíssimo, que deve melhorar ainda mais agora que Steve Kerr chegou e não deve mais insistir naquelas bizarrices táticas que Mark Jackson criava, tentando deixar um time de arremessadores parecer uma equipe sua de 20 anos atrás. Não deixo de fora também o Dallas Mavericks, time que mais deu trabalho ao Spurs nos Playoffs do ano passado: o técnico Rick Carlisle é um dos melhores da NBA e Monta Ellis fez maravilhas para que Dirk Nowitzki conseguisse continuar relevante mesmo no fim de sua carreira. A chegada de Chandler Parsons e volta de Tyson Chandler empolgam, embora que o pivô não vá ser necessariamente o mesmo de 2011. É um time perigoso e a temporada regular deve mostrar ao certo em que categoria eles se encaixam.

 

Os times que realmente sabem que podem ganhar o título
Spurs Cavs CLippersBullsThunder

 

 

Chegamos ao topo do topo! Aqui ninguém está para brincadeira, é título ou a temporada não valeu nada.

O San Antonio Spurs foi o melhor time de temporada regular nos últimos 3 anos e no ano passado finalmente superou algozes pontuais, como Heat e Thunder, para chegar ao título. Nunca vou culpar quem duvida deles pela idade, afinal não é normal um time ser liderado por 3 trintões na NBA, mas o Spurs parece se estabelecer como uma exceção constante. Mesmo que o nível de perfeição alcançado na última temporada não perdure, difícil imaginar eles não passando por cima de quase todo mundo.

O Cleveland Cavaliers é o oposto do Spurs em termos de entrosamento e passado recente, mas todo time com LeBron James é favorito imediato. Adicionar Kevin Love e o MVP da Copa do Mundo ao time de LeBron só aumenta a responsa. Pensando com racionalidade, será um ano de entrosamento, de aprender na marra, de lidar com a mídia e achar uma rotação, mas não daria para colocar o time em outro grupo. Quem vai acompanhar essa temporada precisa saber o que se espera do novo Cavs!

E já que o Leste virou terra de ninguém, dá pra colocar o Bulls nesse time também. Mesmo que Derrick Rose não volte em nível MVP, ele jogou uma Copa do Mundo inteira sem se machucar e agora todo mundo acredita/torce/reza que ele dure um ano inteiro e melhore ao longo da temporada. Some a volta de Rose à defesa mais espetacular da liga, Joakim Noah no auge da forma e as chegadas de Pau Gasol e Nikola Mirotic e temos um time feito para chegar, no mínimo, na final do Leste. São tantos anos batendo na trave devido a lesões que ninguém espera menos do que isso caso o ano seja livre de machucados. Tom Thibodeau merece treinar um elenco completo!

Fechando os favoritos, coloco a dupla de times mais explosivos do Oeste: OKC Thunder e LA Clippers. Os últimos anos mostram o Thunder como mais favorito, mais equilibrado e com aquela diferença básica de ter Kevin Durant no elenco. Nem mesmo o sistema ofensivo que às vezes trava e vira pelada tira o Thunder da briga contra os melhores times, especialmente o Spurs, que nos últimos anos penou para bater Serge Ibaka e companhia. O Clippers não tem presença em final de conferência ou final de NBA para mostrar como o Thunder, mas a expectativa lá dentro é lutar pelo título. É para isso que renovaram com Chris Paul, que pagam uma fortuna pelo técnico Doc Rivers e era a conquista que Steve Ballmer tinha na cabeça quando pagou DOIS BILHÕES DE DÓLARES pela franquia. O elenco é profundo, o time melhorou muito no ano passado, o de estreia do novo técnico, e eles parecem estar quase lá. A briga vai ser boa.

NBB no bote da NBA

Comentei nessa semana, na nossa página no Facebook, que estava pensando em falar de NBB aqui a partir da próxima temporada. Não decidi absolutamente NADA de como será o próximo ano do blog, mas andei pensando nisso e queria saber o que nossos queridos e amados leitores achavam da ideia. Em geral as respostas ficaram entre duas variáveis: (1) Sim, vai ser legal e (2) Tudo bem, desde que não deixem a NBA de lado.

A ideia não é deixar a NBA de lado, mas apenas dar uma mudada no blog. Acompanhei o crescimento do basquete aqui no Brasil nos anos em que trabalhei como assessor no Paulistano e me sinto interessado e informado o bastante para fazer uma cobertura. Também vai ser legal poder escrever do basquete com maior chance de ir aos jogos, conseguir eventuais entrevistas e oferecer material de primeira mão. Na NBA, que pretendo continuar acompanhando com textos enormes e analíticos como sempre, quase sempre somos obrigados a opinar apenas depois de ler o que foi dito lá fora.

De qualquer forma, foi uma feliz coincidência que dias depois dessa mini enquete facebookiana, o Bala na Cesta chegou com o furo mais interessante do ano no basquete brasileiro: a NBA e o NBB estão próximos de fechar uma parceria de três anos! Parece até combinado. Interessante que você leia, também, a análise que o Bala já fez no blog dele sobre o assunto.

Amistosos do Flamengo contra times da NBA foi primeiro indício da parceria

Amistosos do Flamengo contra times da NBA foi primeiro indício da parceria

Como vocês viram por lá, a parceria ainda não foi oficialmente assinada e anunciada, mas só um desastre poderia cancelar. Sem ser oficial e com os dois lados mudos, só podemos especular a extensão do acordo, e é isso que eu vou fazer aqui!

Começamos comentando o mais óbvio, os motivos que levariam a Liga Nacional de Basquete, que gere o NBB, a assinar uma parceria com a NBA. Há 2 anos que a liga tem dificuldade de encontrar grandes patrocinadores e, sem dinheiro, nada funciona como deveria. O grande mérito da história do NBB são as novas ideias para criar uma liga moderna e organizada, mas sempre o progresso para quando o assunto dinheiro bate na porta. Eles sabem que a liga precisa investir mais em comunicação? Sim. Que sem vídeos dos jogos é difícil atrair novos fãs? Sim. Que times fracos e muito concentrados em só uma parte do país não ajuda na imagem nacional da liga? Sem dúvida. Mas como resolver isso sem as verdinhas? Muitas das responsabilidades acabam ficando nas mãos de clubes, que nem sempre dão a importância necessária ou tem o dinheiro para investir corretamente em todas as áreas.

Nos últimos anos vimos alguns times não conseguirem o mínimo de dinheiro para participarem do campeonato e outros, em outros cantos do país, terem o projeto, a ideia, o público, mas não conseguir tirar a equipe do papel. Tem gente interessada, existem projetos, mas sempre param na grana e a liga não pode ajudar porque ela mesma sofre nas verbas.

A chegada da NBA pode resolver todos esses problemas de uma vez só. Só colocar o nome da liga americana ao lado de alguma coisa que deve ficar umas 100 vezes mais fácil atrair investimento e patrocínio, sem contar o próprio dinheiro que a NBA tem e pode usar para investir em um novo mercado. Também podemos acreditar que eles vão saber usar a grana. Apesar de novos no ambiente brasileiro, tem experiência de décadas e décadas com logística do esporte, marketing esportivo, arbitragem e na evolução de questões técnicas do jogo. TUdo o que precisamos por aqui. Ou seja, não só eles vão chegar aqui dizendo que é importante transmitir jogos pela internet, eles vão dizer que sistema usar, como cobrar, quanto cobrar e como exibir.

Que outra chance a Liga Nacional de Basquete teria como essa? Se associar com alguém que tem dinheiro, reconhecimento na área e know-how de tudo o que envolve esporte. Topar a parceria, seja ela como for, deve ter sido bem fácil. Fica a curiosidade, por enquanto, para ver como isso influencia a outra parceria importante da Liga, a com a Globo, que sempre concentrou a questão da comunicação do campeonato.

O que não devemos esperar, porém, é uma revolução imediata. Posso não ser nenhum mestre em negócios, mas imagino que não se chegue num país estrangeiro, com outra cultura, e se mude tudo de uma vez para deixar o mais ianque possível. Se não dá certo nem com redes de fast food, não dará com uma liga de basquete. Eu apostaria que o primeiro ano será mais de consultoria do que qualquer outra coisa. Dá pra imaginar uma equipe da NBA designada para acompanhar a temporada do basquete nacional para ver os problemas, imaginar soluções e aprender sobre como lidamos com o esporte por aqui.

NBB

Nos últimos dias eu pensei bastante sobre os motivos que levou a NBA a pensar nessa parceria e achei algumas boas razões, embora só eles possam, um dia, realmente listar tudo o que passou na cabeça de negócios dos americanos. Pensem bem, qual seria o caminho natural para uma parceria da NBA em termos de basquete? A Europa. A aproximação até tem acontecido nos últimos anos: diversos amistosos acontecem nos EUA e na Europa, alguns times americanos fazem pré-temporada por lá e até na série 2K já vimos times do velho continente. Mas imagino (relembro, tudo aqui é especulação minha) que algumas barreiras são difíceis de transpor: por exemplo, as ligas europeias não veem a NBA mais como rival do que como parceira? E como lidar com o fato de que o “basquete europeu” é, no fim das contas, uma soma de diferentes ligas, países e com líderes distintos?

Por exemplo, acho que a ACB espanhola se interessa muito por amistosos contra times da NBA, mas uma parceria mais profunda do que isso iria significar o que? Certamente alguns dos salários milionários, em euros, que Real Madri e Barcelona gastam são para segurar por lá astros que poderiam facilmente jogar em muitos times da NBA. É estranha uma parceria entre ligas que lutam pelos mesmos atletas, muitas vezes bem novos e promissores. E se é fechada uma parceria com a Espanha, que já é bem autossuficiente e não desesperada como a LNB, como lidar depois com os times russos, gregos e turcos? É muita dor de cabeça para se meter em um mundo onde o basquete já está enraizado, tem sua cultura e seus grandes campeonatos.

E aí eles podem desviar o olhar para o Brasil: 200 milhões de habitantes, economia forte, público consumidor de basquete, 5º país que mais tem assinantes do League Passs da NBA. O nosso país consegue, ao mesmo tempo, ter história em basquete, com títulos, ídolos e praticantes; mas também não ter muitos times tradicionais, ricos ou mesmo uma liga forte e estabelecida. Para a NBA, o Brasil é como uma tela em branco onde eles podem intervir e se fazer como desejam e, melhor, sem ter que explicar o be-a-bá durante o processo. Pensem bem, a MLB também pode ver no Brasil um país de 200 milhões de habitantes e que não tem liga de beisebol forte, mas aqui eles perderiam uns bons anos só para nos convencer que beisebol é um esporte de verdade e que vale a pena passar 5 horas num estádio enquanto se aprende as regras. O basquete é jogado, aceito e entendido. Mesmo quem não acompanha, não estranha ver uma tabela por aí, sabe o que é e não enxerga como “esporte americano” ou coisa do tipo. É uma situação única e ideal para ser aproveitada.

Varejão NBB

Como eu disse antes, podemos apenas especular o que essa parceria vai trazer a curto e longo prazo, mas eu pensei em coisas que poderiam ajudar os dois lados, tornando o NBB uma liga mais interessante e, ao mesmo tempo, útil para a NBA. Isso, claro, indo além do mais básico: uma liga forte no Brasil rende mais fãs do basquete que, sem dúvida, vão ligar no League Pass para ver os melhores do mundo.

Liga Menor: Há tempos que se discute nos EUA a criação de Ligas Menores, subdivisões, como no beisebol, onde os times da NBA iriam trabalhar os seus jovens jogadores. A ideia mais extrema, longe de virar realidade, teria jogadores saindo do colegial e pulando a faculdade para irem se desenvolver nessas D-Leagues até serem, enfim, chamados para a NBA. Os times profissionais teriam mais controle sobre a formação dos atletas e estes ganhariam salários ao invés de serem escravos das universidades.

O Brasil poderia servir como uma “liga menor” para o desenvolvimento dos mais diversos tipos de atletas. O Houston Rockets descobriu um promissor pivô uruguaio? Bora mandar ele jogar em Bauru por uns dois anos para que os scouts deles o observem de perto. Os salários podem ser pagos por um dos times, pelos dois ou seja lá como for melhor para todos os lados. Talvez isso não funcione com todos, claro, talvez um jovem americano não se sinta à vontade de atravessar o mundo para se desenvolver aqui, mas certamente seria um caminho para talentos latinos, incluindo os próprios brasileiros. Já pensou o NBB infestado com os melhores jogadores argentinos, uruguaios, venezuelanos, dominicanos e porto-riquenhos? Seria demais!

Intercâmbio: Os EUA produzem técnicos a rodo, desde ex-jogadores até estudiosos da área. Agora, no mundo das estatísticas e análise tecnológica do esporte, diferentes empresas aparecem todos os dias com novas ideias e inovações. Com concorrência na NBA, muitos deles poderiam vir para o Brasil para ganhar experiência e, ao mesmo tempo, ajudar em nosso desenvolvimento técnico. E que tal um combinado jovem do NBB disputando as Summer Leagues, como já fazem com a D-League?

Mão de obra: Comprar uma empresa menor é também garantir que tudo revelado por lá pode ser aproveitado pela irmã mais velha. Pensando em longo prazo, a NBA pode investir no NBB para ter acesso mais rápido ao que for produzido aqui. A princípio pode ser apenas o que temos de melhor, os atletas, mas quem sabe, no futuro, também não surjam soluções em outras áreas como o marketing esportivo e a medicina esportiva.

Laboratório: Nos últimos anos virou moda a NBA discutir mudanças de regra, calendário e estrutura do campeonato. Já falaram em uma “Copa” no meio da temporada, valendo um segundo troféu em jogos únicos de mata-mata; linha de quatro pontos; mudança no sistema de faltas técnicas e faltas intencionais; quadras maiores; sistema de rebaixamento. Até o fim das conferências e mais viagens entre os jogos podem ser experimentadas por aqui! Será que o nível do basquete daqui cairia se existissem times em todos os lados do país e os times viajassem mais que o normal? Teste no Brasil.

Liga Sul-Americana: Não podemos esquecer que embora o Brasil seja o ponto de partida na América do Sul, não precisa ser o único atingido. A NBA tem ambição internacional e eu não me surpreenderia se dentro de alguns anos, eles sugerissem a adição de equipes de Buenos Aires, por exemplo, no nosso campeonato. Seria o nosso Toronto Raptors, útil para atrair até mais argentinos, celeiro próspero de jogadores com potencial de NBA.

Leandrinho

Sei que talvez não seja tão bom para nossa autoestima nos enxergar como laboratório e fornecedor de mão de obra para um país rico, mas temos sempre que lembrar que há poucos anos nós não tínhamos campeonatos organizados no país, que a Confederação nacional é uma várzea e que passamos mais de década sem pisar nos Jogos Olímpicos. Difícil sair da lama e ser o poderoso logo de cara. De qualquer forma, assim como estar mal das pernas não era motivo para aceitar todas as ordens da Globo, o mesmo vale para a NBA, embora eu ache que a liga americana tem mais interesse em ver o desenvolvimento técnico do basquete daqui do que a emissora de TV.

Posso estar indo longe demais, admito. Talvez a ideia da NBA seja só ajudar com o básico (estrutura, logística, investimento e comunicação) e manter um elo fechado com um mercado em expansão, mas as possibilidades estão aí e o tempo nos dirá a ambição de cada parte.

Anticlímax

Não tive tempo de escrever sobre a eliminação de seleção brasileira antes, mas imagino que o assunto não vá ficar velho tão cedo. Também penso que é até bom que algumas pessoas leiam isso com a cabeça fria. No Twitter, logo após a partida, vi várias mensagens de torcedores revoltadíssimos, seja com o técnico, com o placar, convocação, estilo de jogo, cotação do dólar, Marina Silva e, claro, putos com o Marcelinho Machado.

Antes de uma análise propriamente dita, é bom lembrar de algumas coisas que não podem ofuscar o nosso entendimento de uma partida em que a Sérvia dominou o Brasil desde o primeiro minuto: algumas críticas amplas podem até seu valor na percepção geral do campeonato, mas transformá-las em motivo da derrota é exagero. Estou aqui falando especialmente das críticas ao elenco, convocação e estilo de jogo que Rubén Magnano decidiu para este Mundial.

BRA SER

O elenco era limitado, mas isso a gente já sabia faz tempo. As opções não eram muitas também, no dilema entre garotos que nunca disputaram um campeonato de seleções importante e veteranos em decadência no desespero de uma última glória, Magnano escolheu o segundo tipo. Nenhum é o ideal, mas alguma decisão tinha que ser feita e ele fez. Com esse grupo em mãos, montou um esquema de jogo adequado: ritmo lento, poucos arremessos de longe e o jogo passando bastante no garrafão, com passes entre os pivôs.

Todas essas características podem receber críticas, mas foi com elas que o Brasil fez ótima fase de preparação, de classificação e assim que o time demoliu com a Argentina. Dava pra ganhar da Sérvia? Às vezes sim, às vezes não. Mata-mata é cruel. Quantas vezes não vemos na NBA, que tem melhor de 7 jogos, um time dominar os primeiros jogos e depois tomar a virada? Mundial não tem esse luxo. E especialmente no basquete internacional, onde depois de Estados Unidos e (ainda) a Espanha, existem uns 10 times basicamente no mesmo nível, tudo pode acontecer. Cair nas oitavas de final ou ficar em 3º pode ser questão de matchup, sorte ou noite inspirada de alguém. Que fique claro, porém, que isso não isenta a frustração. Saber que existe uma chance real de medalha e nunca conseguir é uma sensação horrível, mesmo que não seja de vergonha.

Como bem disse o Balassiano no seu post, a derrota foi mais tática do que emocional. Claro que as faltas técnicas no terceiro quarto chamaram a atenção e atrapalharam bastante, mas o domínio do adversário era claro desde o começo, especialmente pelo fato deles estarem jogando com um time mais leve, aberto e com precisão na linha de 3 pontos. Dá pra lembrar de cabeça um bom número de vezes que os pivôs brasileiros foram obrigados a marcar, sem sucesso, jogadores sérvios bem longe do garrafão. Mas mais do que isso, a agilidade do time sérvio minou os passes entre pivôs brasileiros, que sempre se posicionavam com um na cabeça do garrafão e outro embaixo da cesta.

É aí que voltamos para o assunto que eu tratei no post sobre a partida contra a Argentina: a nossa busca pela narrativa perfeita. Por algum tipo de necessidade que já deve ter sido estudada por outras pessoas, buscamos sempre colocar ordem onde há caos. E o esporte, por estar dentro do grupo de jogos, abre espaço para muitas variáveis impossíveis de serem previstas. O melhor de um dia pode ser o pior no outro sem que muita coisa pareça ter mudado no meio do caminho. Torcedores do São Paulo entendem o que estou dizendo. Mas quando isso acontece não podemos só aceitar e seguir em frente, precisamos criar a história para dar sentido.

Por isso que hoje em dia o jornalismo esportivo é tão importante para a consolidação dos grandes campeonatos ao redor do mundo. Uma liga sem cobertura esportiva, como o nosso NBB por exemplo, vira um campeonato sem narrativa. Vemos os jogos, os resultados, mas não conseguimos encontrar a coerência: para quem devemos torcer? Quem devemos odiar? Quem é o bicho papão e quem é o coitado? Quais as rivalidades e os recordes a serem quebrados? A história deve ser contada e não imagino um editor (ou mesmo leitores) aceitando um texto que diga “perderam porque perderam”. Jogadores dizem isso não só porque boa parte deles têm dificuldade de articulação, mas porque é verdade também.

A necessidade dessa explicação a mais é que fez com que, novamente, surgissem as histórias de time amarelão, desequilíbrio emocional e dificuldades de atuar sob pressão. Se o Brasil estava ganhando e, de repente, perdeu, o que mais poderia ser, né?

Uma teoria pessoal é que a questão emocional sempre vêm à tona quando não entendemos um diacho do que aconteceu. Ela é comum nas Olimpíadas, quando colocamos expectativas exageradas sobre atletas de esportes que mal sabemos as regras e que acabam nos decepcionando. Perdeu no salto com vara, ginástica artística ou hipismo? Só pode ser o nervosismo e a pressão dos Jogos Olímpicos, claro. Às vezes até pode ser, quem sou eu pra definir, mas o padrão na nossa interpretação indica que não estamos abertos para outras coisas. Até no futebol, que em teoria entendemos mais como conjunto, volta e meia recebe explicações desse tipo. Se alguém do nível de Messi ou Cristiano Ronaldo joga mal numa decisão, é porque não lida bem com a pressão, jamais porque recebeu marcação adequada. E o exemplo mais recente é a justificativa padrão do “apagão” nos 7 a 1 do Mineiratzen. O nervosismo foi tão visível ao longo da Copa do Mundo que aqueles gols em sequência não poderiam ser explicados de outra maneira, mas o foco exagerado nas emoções dos atletas ofuscou a análise tática. O meio campo vazio, os espaços nas costas do lateral esquerdo, a saída de bola lenta e previsível, por exemplo. Quando finalmente se voltaram a atenção à parte tática, pulamos do “não foi tático” para o “o Brasil é atrasado taticamente e precisa de técnicos estrangeiros”. Uma análise pontual não dava conta. Quanto maior o resultado, quanto maior a atenção, mais grandiosa precisa ser a história contada.

A derrota do Brasil para a Sérvia, porém, é um caso de uma história fraca em um momento onde o basquete nacional precisava de um poema épico que sobrevivesse por gerações. Não deu, é triste, mas não é motivo para interpretações drásticas.

O que de profundo deve mudar é o mesmo que já devia ser mudado antes de qualquer resultado: a CBB recebe dinheiro de mais para produzir de menos. O basquete é pouco e mal jogado no país, e seus níveis mais altos estão concentrados em poucas regiões do território nacional.  A melhor coisa do basquete daqui nos últimos tempos, o NBB, a LDB Sub-22 (mesmo com suas dúzias de problemas e adiamentos) e algumas revelações pontuais, são méritos da Liga Nacional e de alguns clubes que insistem num negócio nada lucrativo só pelo amor ao jogo. Certamente eles receberão seus louros em uma história que vai ser contada num futuro próximo, a de 2014 ficou restrita à simbólica e importante superação da Argentina. É um grande recomeço.